O Ceará sofreu nova derrota nos tribunais que vai impactar nas finanças do clube. O Esportes O POVO apurou que, nessa quinta-feira, 20, o juiz Francisco Antônio da Silva Fortuna, da 16ª Vara do Trabalho de Fortaleza, condenou o Vovô a pagar R$ 2,7 milhões ao zagueiro Lucas Ribeiro, que passou por Porangabuçu entre 2022 e 2024.
O Esportes O POVO teve acesso à íntegra da sentença. O defensor, hoje no Goiás, cobra salários, férias, auxílio moradia, multa rescisória, danos morais e outras demandas. O valor exato, incluindo honorários advocatícios, atualização monetária, juros e custas judiciais, é de R$ 2.691.486,29.
O atleta de 26 anos moveu a ação em junho de 2024, pedindo R$ 3,1 milhões. Na decisão, o juiz destacou que "o fato de a entidade esportiva estar passando por dificuldades financeiras não se constitui em justo motivo para o inadimplemento quanto ao cumprimento de suas obrigações trabalhistas".
Procurado pelo Esportes O POVO, o departamento jurídico do Ceará informou que irá recorrer.
Lucas Ribeiro entrou em campo 32 vezes pelo Ceará e anotou um gol. Foram 20 partidas em 2022, seis em 2023 e outras seis em 2024.
"O atleta ficou 27 meses sem receber o auxílio moradia, previsto em contrato. Também não recebeu os últimos três meses de salários e direito de imagem, 13º salários, férias, FGTS, além das verbas rescisórias que não foram pagas. Também foi feito um acordo para pagamento da indenização pela rescisão antecipada do contrato e não foi pago", enumerou Filipe Rino, advogado do zagueiro.
"Ainda, tanto a Lei Pelé quanto a Lei Geral do Esporte, obrigam os clubes a contratar o seguro e caso o atleta sofra uma grave lesão, esse seguro é acionado e o atleta é indenizado. Ocorre que o clube não contratou o seguro, e por isso foi condenado a indenizar substitutivamente o atleta. Cabe esclarecer que em audiência propusemos acordo de 1,5 milhão, sendo que o clube ofertou apenas 300 mil. Nosso sentimento é de justiça", completou.
Lucas Ribeiro foi anunciado pelo Alvinegro no dia 18 de janeiro de 2022, com contrato até o fim daquela temporada, emprestado pelo Hoffenheim, da Alemanha. Os vencimentos mensais no Ceará eram de R$ 120 mil, divididos entre CLT (R$ R$ 72 mil) e direito de imagem (R$ 48 mil).
Ainda em 2022, o zagueiro sofreu grave lesão no joelho direito, com rompimento do ligamento cruzado anterior, o que fez o vínculo ser prorrogado até junho de 2023. Depois, o contrato foi ampliado até dezembro de 2024.
Antes disso, porém, o contrato foi rescindido, em abril do ano passado, quando Lucas Ribeiro acertou com o Goiás. A saída foi em comum acordo, com o Ceará se comprometendo a pagar R$ 30 mil mensalmente, de abril a dezembro. O montante, porém, não foi quitado, o que levou o jogador cobrar R$ 240 mil de compensação indenizatória.
O zagueiro também exigiu indenização por danos morais e por não contratação de seguro de vida e acidentes pessoais — as cifras foram baseadas no salário CLT, de R$ 72 mil. Lucas ainda pediu o pagamento pelo atraso de 13º salário, vencimentos atrasados, direitos de imagem, FGTS e até auxílio moradia de R$ 5 mil.
Com informações de Mateus Moura
*Atualizada às 14h22min