A história de Rodrigo Rodrigues no futebol começou cedo, com a paixão de menino que sonhava em fazer gols e levantar troféus. Natural de Fortaleza, ele iniciou sua jornada no Uniclinic (atual Atlético Cearense) passou pelo antigo Cetem e logo chamou a atenção do Palmeiras, onde passou quatro anos ganhando experiência e construindo sua base no esporte.
Após uma passagem pelo Bahia e destaque no Ferroviário, Rodrigo percorreu o futebol brasileiro até receber uma proposta inesperada: atuar na Tunísia. Hoje, ele veste a camisa de um dos maiores clubes do país, o Espérance, e encara os desafios de um novo estilo de jogo, uma cultura diferente e a paixão intensa dos torcedores tunisianos.
O Esportes O POVO conversou com mais esse talento cearense. No papo, ele detalhou a carreira, antecipou fatos sobre o Mundial de Clubes e anteviu as perspectivas para o futuro.
O POVO - Você saiu de casa muto cedo para trilhar seu caminho no futebol, como foi esse início?
Rodrigo Rodrigues - Realmente foi muito cedo. Eu era apaixonado por futebol, como toda criança. Eu comecei no Uniclinic aos 8 anos. Passei quatro temporadas lá. Nessas idas e vindas, jogando futsal na escola, onde fui muito feliz, chegou o momento que tive a oportunidade de ingressar no Cetem, hoje, CT do Ceará. Nessa época, o Cetem tinha uma parceria com o Palmeiras. Fiz teste, como todo garoto, rapidamente fui aprovado. Estava perto do Campeonato Cearense sub-14, montamos o time e nos sagramos campeão. Fiz 20 gols. Isso chamou atenção do Palmeiras. Após o torneio, viajei ao Palmeiras e fiquei lá por quatro anos. Fui muito feliz, conheci muita gente, ganhei bastante experiência. De lá, parti para o Bahia, onde fiquei dois anos na base e me profissionalizei.
O POVO - Mesmo com sua base feita no Palmeiras, um dos gigantes do futebol brasileiro, os primeiros passos no profissional foram na região Nordeste. Ajudou estar perto de casa?
Rodrigo Rodrigues - Acho que sim. No começo, em São Paulo, foi bem difícil. Cheguei a sofrer preconceito. Pensei várias vezes em voltar para casa, mas o sonho falou mais alto. Fui forte, me mantive firme e quando cheguei no Bahia estava mais "cascudo" e vi que ali teria mais chances. O Palmeiras é enorme, gigante. Para se destacar, não é simples. No Bahia, graças a Deus, consegui me destacar desde cedo. Campeão e artilheiro nas categorias de base, sempre me destacando, até quando ia treinar nos profissionais. Consegui me manter, fiz minha estreia, mas não tive grande sequência. Foi então que vim para o Ferroviário. Eu vi com bons olhos, porque estaria voltando para minha terra e teria uma sequência de jogos. Numa Copa do Brasil, fiz minha estreia e meu primeiro gol como profissional.
O POVO - Futebol cearense é um celeiro de grandes atacantes. Algum foi sua inspiração?
Rodrigo Rodrigues - Eu sempre assisti muito jogo do Clodoaldo. Tenho foto com ele no PV bem pequeno. Quando cheguei no Ferroviário tinha o Mota, grande inspiração, aprendi bastante.
O POVO - Hoje, os times apresentam uma clara dificuldade em encontrar jogador que vistam a camisa 9. É sempre a posição mais pedida pelos torcedores. Na sua visão de centroavante, o que falta?
Rodrigo Rodrigues - Parte muito de faltar lapidar mais o jogador. Cuidar mais. Não é só deixar o talento falar mais alto. Tem que ter o trabalho, treinamento, alguém guiando e fazendo o atleta mais novo a acertar os passos. O futebol muda muito. Às vezes, a característica do passado, já não serve para hoje. Com essa mudança, quem lapidou antes, não consegue para esse futebol de hoje. É muito disso, um trabalho desde muito cedo.
O POVO - Você estava no futebol brasileiro, indo bem no Juventude, e de repente, vem a proposta do futebol da Tunísia. Como foi isso?
Rodrigo Rodrigues - Eu estava vivendo um excelente momento no Juventude. Tava disputando o Campeonato Gaúcho, na metade praticamente da Série B. Foi meio inesperado. Nunca havia surgido conversa, foi meio do nada. Ligaram para o meu empresário, falando do projeto na Tunísia e já queriam oficializar a proposta. Eu fiquei na dúvida, mas a proposta foi boa. Cobriram a multa. Tinha um brasileiro aqui, entrei em contato, me passou boas informações. É o maior do país, o clube, e um dos três maiores do continente (africano).
O POVO - Agora, no mês de julho, vocês vão disputar o Mundial de Clubes nos Estados Unidos. Grupo nada fácil, com Flamengo, Chelsea e Léon. Como está a expectativa?
Rodrigo Rodrigues - Sabemos que existem os gigantes europeus, da América, mas tem os africanos também. Não vai ter jogo fácil. Vamos tentar fazer o nosso melhor. No campo, 11 contra 11, tudo pode acontecer. Vamos nos preparar o melhor possível. Futebol é uma caixinha de surpresa. Não podemos menosprezar, nem ficar com medo de jogar.
O POVO - Sonhar em jogar em retornar ao futebol cearense para defender Ceará ou Fortaleza?
Rodrigo Rodrigues - Tenho muita vontade. Já teve algumas conversas com o Fortaleza. Mais recentemente, o Ceará procurou. Acabou não dando certo, ambas. Sempre gostei de jogar no Nordeste. Joguei no ABC, onde fui muito feliz. O Nordeste sempre me abriu portas, o Ferroviário principalmente, o clube onde fiz meu primeiro gol como profissional. Foi muito legal.