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Velório de Júlio Salles tem camisas do Fortaleza e emoção de familiares e amigos
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Velório de Júlio Salles tem camisas do Fortaleza e emoção de familiares e amigos

Parentes, colegas de profissão e fãs se despediram do narrador ontem, em clima de comoção e homenagens. Camisas e bandeira do Tricolor marcam o momento
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Velório do narrador Júlio Salles ocorreu na manhã desta quarta-feira, 12 (Foto: Fábio Lima)
Foto: Fábio Lima Velório do narrador Júlio Salles ocorreu na manhã desta quarta-feira, 12

Com presença de familiares, amigos e colegas de profissão, o velório do narrador Júlio Salles aconteceu ontem, na funerária Ethernus, na Aldeota, em Fortaleza. A despedida ao radialista que marcou época na comunicação esportiva cearense foi marcada pela emoção e também pelo cenário tricolor.

Talvez por um pedido do próprio Júlio ou talvez por manifestação espontânea da paixão pelo Fortaleza Esporte Clube que ele espalhou durante décadas, com sua voz imponente e vibrante, parentes e amigos trajavam camisas do Tricolor. Uma bandeira do Leão do Pici foi estendida sobre o corpo do "narrador de todos os esportes", como era conhecido.

O paraense Antônio Júlio Cruz de Salles, residente no Ceará desde a década de 1960, faleceu nessa terça-feira, 11. Ele tinha sido submetido a cirurgia para retirada de um câncer no estômago em fevereiro, depois contraiu pneumonia e estava internado. A morte do narrador causou comoção no futebol cearense e rendeu homenagens.

"O Júlio nos representou de uma forma diferente, era uma voz que ecoava no estádio, de identificação com o Fortaleza, mas nunca deixou de ter respeito com as outras equipes. Na acepção da palavra, era um cidadão. Tenho muitas histórias de gols memoráveis, de tempos em que eu joguei no Fortaleza, principalmente, que ele era a voz do clube. [...] Agora ficam as lembranças. O Júlio marcou a era dele, ele é um gigante na comunicação radiofônica brasileira e que vai deixar uma lacuna muito grande no nosso Estado", disse o ex-jogador e hoje comentarista Bechara, que defendeu Ceará e Fortaleza.

Time do coração de Júlio Salles, o Tricolor vai promover homenagens no próximo sábado, 15, na primeira final do Campeonato Cearense, contra o Ceará. O primeiro Clássico-Rei de 2025, a propósito, foi a última partida narrada pelo "Veterano". O clube definiu o narrador como "a voz do Fortaleza".

"Júlio era tão perfeito que você não precisava ligar a TV para assistir ao jogo, bastava fechar os olhos. Era ouvindo ele fazer a locução do jogo, e você, com os olhos fechados, já imaginava o que estava acontecendo dentro do campo. Era um fenômeno. Insubstituível", afirmou Rolim Machado, presidente do Leão.

"A vida e o trabalho do Júlio dizem muito sobre a identidade dos tricolores, e eu sou um deles. Durante longos anos, eu vivi o Fortaleza através da voz do Júlio, das narrações, do grito de gol, da emoção que o Júlio transmitia e vivi grande alegrias através da voz dele", contou Alex Santiago, diretor de futebol da SAF do Fortaleza. "Agradecer o Júlio Salles, a voz do Leão, por tudo aquilo que ele fez em vida e dizer que o legado dele seguirá", completou o dirigente.

Aberto ao público, o velório nesta manhã chuvosa também teve a presença de torcedores que ouviram a voz de Júlio Salles pelas ondas do rádio por mais de 60 anos, sobretudo na Rádio Assunção, onde marcou história e selou a identificação com outros apaixonados pelo Fortaleza.

"O Júlio representava para nós, torcedores do Fortaleza, uma maior referência. A gente passou a vida toda escutando o Júlio e, nas narrações, ele conseguia trazer, de dentro do campo, a emoção", recordou o tricolor Evilázio Monteiro, recepcionista de hotel.

Muitos radialistas e jornalistas também foram se despedir do narrador pela última vez, tanto aqueles que trabalhavam com o paraense de 83 anos quanto aqueles que eram concorrentes de emissora, mas nutriam boa relação fora do ar.

"A gente percebia a paixão dele pelo rádio, pelo que ele fazia. Ele era minucioso. Ia para programas e transmissões esportivas devidamente preparado, com todos aqueles dados, balanços, conteúdos necessários para enriquecer uma jornada esportiva, além de ser um profissional sempre disposto a qualquer transmissão. Nesse aspecto de trabalho, o Júlio era imbatível", destacou o comentarista Wilton Bezerra, companheiro de Júlio Salles por mais de uma década na Rádio Assunção.

"Quando eu cheguei na rádio, o Júlio me deu a mão, deu todo o apoio e foi um cara sensacional. Ele era perfeccionista, gostava de tudo muito correto, era vidrado em levantamentos, estatísticas. [...] Vai ser uma lacuna impressionante, não só na Rádio Assunção, que ele era o coordenador, como no futebol cearense, na imprensa", afirmou o também comentarista Mardônio Filho, que compartilhou transmissões e programas com o narrador nos últimos 15 anos.

Com informações de Levi Lima/Especial para O POVO

*Atualizada às 15h47min

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