Em desvantagem nas finais do Campeonato Cearense 2025, após ser derrotada por 1 a 0 pelo Ceará nesse sábado, 15, na Arena Castelão, o Fortaleza precisa superar a dificuldade de criar e acertar finalizações para retomar a taça.
Na coletiva pós-jogo, Juan Pablo Vojvoda admitiu que o Tricolor precisa "transformar esse volume de jogo em situações de gol claras". Para ser campeão, o Leão precisa ganhar por dois gols ou mais de diferença, ou vencer por um e decidir nos pênaltis.
"O Fortaleza começou bem o segundo tempo, os primeiros 20, 25 minutos. Infelizmente, não conseguimos a efetividade necessária ao ter esse volume de jogo. Antes da expulsão (de Pol Fernández, após o gol do Ceará) não observei um time abaixo, que o emocional atrapalhasse, mas sim o contrário. No segundo tempo um bom jogo, um bom volume, mas não finalizando ao gol", pontuou.
O site SofaScore, especializado em compilar estáticas de jogos, apontou que o Tricolor finalizou sete vezes e nenhuma foi em direção ao gol. Foram quatro chutes para fora e três chutes bloqueados. Contrariando a máxima de que a equipe não arrisca tentos de fora da área, cinco das sete oportunidades foram tentadas longe da grande aérea.
Desde a temporada passada, o Fortaleza se notabilizou por ser uma equipe de muita qualidade na transição e preferindo jogar de forma reativa. Segundo o mesmo SofaScore, no Brasileirão de 2024 a equipe teve a terceira menor média de posse de bola, com 42,8%, apesar de ter terminado na quarta colocação.
Nas quatro derrotas que a equipe sofreu no ano, duas para o Ceará, uma para Altos-PI e outra para o Vitória-BA, o Fortaleza teve mais tempo com a bola no pé em todos os confrontos. Já no jogo contra o Sport, considerada a melhor atuação da equipe no ano, o Rubro-Negro foi dono das ações, enquanto os Tricolor venceu a partida com o uso de contra-ataques.
As críticas direcionadas ao Fortaleza quando se precisa ser propositivo no jogo passam muito pela ausência de duas peças: um substituto para o meia Hércules e um "camisa 10".
A função do meia armador, ou camisa 10, é ocupada pelo argentino Tomás Pochettino, que fez um bom ano em 2024, mas não tem as características desse organizador. O camisa 7 tricolor se destaca por ser um atleta que cadencia o jogo e distribui a bola por meio de passes longos.
Kervin Andrade e Calebe aparecem como alternativas para a função. O primeiro tem menos minutos devido à pouca idade e à inexperiência; o segundo, sofre com lesões desde que chegou ao clube e perdeu protagonismo na temporada passada. O camisa 10, inclusive, ficou fora do primeiro jogo da final por opção técnica.
Em coletiva, Vojvoda afirmou que a decisão foi tomada por "momento" e relembrou que o jogador atuou contra o Ferroviário. "Calebe teve oportunidade no jogo passado e ganhamos. Quando ele está fora, perguntam porque está fora, e eu compreendo, pois quando se perde, sempre se procura o jogador que não foi relacionado", disse o treinador.
Já o volante Hércules, hoje no Fluminense, deixou uma lacuna de dinamismo no meio-campo tricolor. O ex-camisa 35 surgiu no Atlético-CE e estreou pelo Fortaleza em 2022. O jogador caiu rapidamente nas graças da torcida por ser um meio-campista rápido, físico, de boa condução com a bola e notabilizado por suas finalizações.
Entre 2022 e 2024, o atleta não só colecionou gols importantes, como foi peça crucial para conduzir a bola da defesa até o último terço do campo. Desde a sua saída, o Leão não contratou jogador de características similares e Vojvoda utiliza prioritariamente Lucas Sasha e Emmanuel Martínez.
Sem poder registrar jogadores para o segundo jogo das finais do Cearense, cabe ao treinador tricolor achar uma forma de jogar de maneira ofensiva com as peças que possui. Antes do jogo da volta, O Fortaleza enfrenta, nesta quarta-feira, 19, às 21h30min, o Sousa-PB, fora de casa, pela Copa do Nordeste. No torneio regional, a equipe cearense ocupa a terceira colocação do Grupo A, com nove pontos.