Um dos maiores atletas do basquete brasileiro, Wlamir Marques, morreu nesta terça-feira, 18, aos 87 anos. O "Diabo Loiro", como era conhecido, estava internado na UTI do Hospital Santa Magiore, em São Paulo, e não teve causa da morte divulgada.
Com a bola laranja, Wlamir deixou o nome na história, conquistando inúmeros títulos pela seleção brasileira, como o bicampeonato mundial, em 1959 e 1963, além de duas medalhas de bronze, nas Olimpíadas de Roma-1960 e Tóquio-1964. O "Disco Voador", como era chamado por voar em quadra, também teve longa carreira como comentarista de basquete, com atuação na ESPN.
No basquete sul-americano, Wlamir conquistou uma medalha de prata no Pan de 1963, duas de bronze no Pan de 1955 e 1959 e quatro títulos de campeão Sul-Americano. Fez aindadupla lendária com Amaury Pasos, que morreu em dezembro aos 89 anos.
Os dois, inclusive, foram escolhidos para o Hall da Fama do Comitê Olímpico do Brasil e da Federação Internacional de Basquetebol (Fiba). São, para muitos, os dois maiores nomes da história do basquete nacional.
Flávio Espiga, técnico do Fortaleza Basquete Cearense, falou ao Esportes O POVO, dimensionou a importância que teve o camisa 5 da seleção para o esporte no Brasil.
"O Wlamir é um ícone, foi muito importante para o basquete brasileiro, um cara que representou a seleção brasileira em momentos de semiprofissionalismo e se dedicou ao máximo (...) O Wlamir ajudou bastante o basquete a se tornar o segundo esporte do Brasil e ter o respeito que tem até hoje", disse o comandante do Carcalaion.
A Confederação Brasileira de Basquete (CBB), por meio de nota, lamentou a morte de Wlamir, citado como "um dos maiores ícones da história do basquete mundial". A CBB prestou solidariedade aos familiares e amigos do ex-atleta.
Wlamir foi homenageado em vida pela CBB em 2020, que deu o nome dele ao troféu de melhor jogador da temporada do NBB. Troféu Wlamir Marques.
"Wlamir foi um dos maiores de todos os tempos a quicar uma bola laranja. Um gênio. Incrível dentro de quadra. Flutuava. Nos ajudou a tornar o Brasil uma potência no basquete. Hall da Fama. Um herói. E fora de quadra, era de uma simplicidade curiosa. Um humor sagaz. E também um gênio. Amigo e crítico quando preciso. Já faz uma falta imensa ao nosso esporte. Meus pêsames à família. Vai-se o homem, fica a lenda", disse Marcelo Sousa, presidente da CBB.
No Brasil, Wlamir teve sua maior identificação com o Corinthians, clube no qual foi oito vezes campeão Paulista. O "Diabo Loiro" teve tanto respeito ao clube paulista que, em 2016, o Ginásio Poliesportivo Parque São Jorge, onde joga o time, ganhou o nome de Wlamir Marques.
Dois anos depois, em 2018, o Corinthians voltou a prestar homenagem ao eterno número 5, aposentando seu número no clube — nenhum outro jogador pode voltar a usar a camisa 5 do Timão.
O Corinthians, publicou uma nota de pesar, lamentando a morte do ex-atleta, e declarando luto, junto à família e amigos. "Wlamir foi eternizado pelo Corinthians, ao ter seu busto inaugurado no espaço, o primeiro busto de um atleta de basquete na história do Clube", conclui a nota.
Nascido em São Vicente, São Paulo, em 1937, Wlamir chegou a praticar vários esportes, mas foi quando conheceu o basquete no Tumiaru, clube de sua cidade, que o atleta surgiu. Ele passou 16 anos no clube que o projetou.
Aos 16 anos, o "Disco Voador" já era titular do time de basquete principal da seleção brasileira, ficando em segundo lugar em seu primeiro Mundial, em 1954.
A história de Wlamir Marques, fica eternizado na história do esporte brasileiro: “O passado jamais morrerá, apenas mudará de prateleira”, escreveu o próprio ex-atleta, quando foi indicado ao Hall da Fama do basquete.