O desligamento de Alex Santiago, agora ex-diretor de futebol da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do Fortaleza, foi um dos principais temas abordados na coletiva de Bruno Acioli e Bruno Cals, membros do Conselho de Administração da SAF, na manhã de ontem, na sede do clube.
A dupla representou a cúpula administrativa e revelou detalhes da investigação que indicou, segundo o vídeo divulgado pelo presidente da associação, Rolim Machado, que o orçamento excedeu pelo menos seis vezes o previsto para a modalidade.
Além disso, explicaram o impacto dos profissionais da SAF na decisão, ainda que o ex-dirigente ainda fosse presidente da associação quando houve o ocorrido que gerou polêmica. Ambos ainda discorreram acerca da divergência das versões entre o clube e o ex-dirigente, além do momento em que o caso passou a ser observado como um problema.
Em suas falas, Bruno Cals chegou a afirmar que "ninguém fica acima da instituição Fortaleza", enquanto Bruno Acioli destacou que a situação é completamente inaceitável, independente de dolo financeiro ou não. A dupla relatou ainda como o processo de pagamento de premiações costuma acontecer. Em entrevista ao Esportes O POVO, Alex Santiago disse estar sendo tratado injustamente como desonesto.
"Não vou nem julgar o vídeo dele, mas vou falar o que a gente fez aqui. Só veio à tona agora porque a gente teve a responsabilidade de investigar tudo. Tivemos comunicação com a Confederação Brasileira de Futsal e pedimos documentação. Conversamos com o Alex a respeito disso, para que ele pudesse explicar o que tinha acontecido. Leva tempo, no meio disso tudo tem carnaval, tem feriados", ponderou Cals.
"Quando a gente soube, trouxemos o assunto para o conselho de administração, uma vez que o Alex era profissional da SAF, ou seja, é competência nossa efetivamente", completou, dizendo ainda que "ninguém está imune a nada. Nem Marcelo Paz, nem Bruno Cals, nem Bruno Acioli, nem Fabiano Barreira, nem ninguém".
"A gente discutiu e um dos pontos mais importantes que a gente levou em consideração é que ninguém pode passar por cima da instituição Fortaleza. Na ação feita, você pode até julgar se teve dolo financeiro ou não. Isso obviamente que importa, mas não é tudo. A ação de ter provocado o depósito de um dinheiro na conta de um jogador, por si só, independente de ter ou não dolo financeiro, é completamente inaceitável ao nosso ver", complementa Bruno Acioli.
Os xarás explicaram que o modus operandi é que o clube receba tudo que for concedido como premiação, em qualquer competição. Com isso, explicaram também que o que agravou a situação foi a descoberta por terceiros.
Ao serem questionados a quanto tempo perceberam que a verba utilizada para a modalidade estava irregular, Bruno Cals respondeu que se preocupou com isso durante o ano inteiro, mas que não estava no papel dele interferir no controle fiscal da associação. Mesmo ressaltando as divergências, a dupla disse que tanto Alex Santiago como Bruno Costa eram "ótimos profissionais" e tiveram sua relevância no Fortaleza.
Ainda em relação às finanças, a dupla do Conselho de Administração admitiu que o clube deverá ter um balanço financeiro indicando déficit em 2024, com a ponderação de que houve superávit no ano anterior.
"Sobre especificamente o déficit do terceiro trimestre (de 2024), o que temos de análise prévia de final do ano é que iremos, sim, terminar com um déficit. Relevante até. Mas não podemos olhar só pelo exercício. Se você olhar o resultado de 2023, o clube finalizou o ano com mais de R$ 60 milhões de superávit, e parte desse déficit de 2024 (cerca de R$ 70 milhões) vem pelo consumo desse valor que foi superavitário em 2023", disse Bruno Acioli.
"O resultado apresentado, algo em torno de R$ 70 milhões (de déficit no terceiro trimestre de 2024), nós temos mais de R$ 60 milhões de 2023 que estão cobrindo esse resultado de 2024", emendou.