O dia após a trágica noite envolvendo a partida entre Colo-Colo-CHI e Fortaleza, marcada pela morte de dois torcedores do Cacique, foi de comoção na América do Sul, lamentação e cobrança. Em meio ao luto pela fatalidade ocorrida no lado externo do Monumental David Arellano — e pelos consequentes atos que se estenderam para dentro do campo, com invasão —, representantes dos dois clubes, assim como os líderes da Fifa e CBF, manifestaram-se.
Em entrevista à imprensa chilena, o presidente do Colo-Colo, Aníbal Mosa, lamentou o episódio de violência durante o duelo e se colocou à disposição dos familiares das vítimas falecidas nos arredores do estádio. O mandatário classificou o episódio como um sentimento “muito difícil de descrever” e enfatizou: “O mais terrível é a perda das duas vidas”.
O presidente da Fifa, Gianni Infantino, emitiu, na manhã de ontem, uma nota se solidarizando e condenando os incidentes antes da partida entre o time chileno e o cearense, pela Copa Libertadores. No comunicado, o chefe da entidade prestou “condolências às famílias e entes queridos das vítimas”, que tinham 18 e 13 anos, condenou “veementemente os atos de violência” e afirmou que esse tipo de situação “não tem lugar no futebol”.
No Brasil, a CBF e o Fortaleza também manifestaram solidariedade às vítimas e aos seus familiares. Em paralelo, a entidade e o clube tricolor cobraram ações rígidas da Conmebol quanto aos atos de violência que marcaram a partida. O Esportes O POVO apurou, inclusive, que o Leão irá apresentar uma série de fundamentos jurídicos que podem resultar na conquista dos três pontos do jogo — encerrado aos 24 minutos do segundo tempo, com o placar em 0 a 0.
A ação do Tricolor será baseada nos documentos que regem as competições sul-americanas. O clube busca o cumprimento, com rigor, das sanções previstas no regulamento de conduta disciplinar da Conmebol. Segundo o artigo 24 do Código da entidade, quando uma equipe é punida por negligência ou responsabilidade no resultado de um jogo, entende-se que o adversário deverá ser declarado como vencedor da partida por 3 a 0.
“Não recebemos um prazo. Apenas recebemos o comunicado da suspensão da partida e que o caso iria para a Comissão Disciplinar da Conmebol. É no tempo deles. Espero que seja rápido, porque a rapidez na punição também ensina. A gente lamenta tudo isso", disse o CEO da SAF do Leão, Marcelo Paz, no desembarque da delegação na Capital, ontem à noite. "Eu acredito que a Conmebol vai punir. O mundo do futebol, como um todo, percebe a gravidade. O próprio país, o Chile, está consternado com isso", completou.
Na manhã de ontem, a CBF acolheu a decisão de interesse do Fortaleza pela vitória no confronto e enviou à Conmebol uma denúncia com o pedido de declaração do time cearense como vencedor da partida. No ofício, a entidade brasileira considera a aplicação do artigo 25 do Regulamento de Segurança da Conmebol, que trata da conduta de torcedores em casos de desordem, violência e invasão de campo.