O atacante do Flamengo, Bruno Henrique, foi indiciado juntamente com outras dez pessoas — incluindo alguns familiares — na última segunda-feira, 14, pela Polícia Federal (PF) por suposta fraude em competição esportiva. A informação é do site Metrópoles.
O ídolo do clube rubro-negro teria beneficiado apostadores com um cartão amarelo tomado em um jogo contra o Santos, em 2023, pelo Campeonato Brasileiro. Entre os grupos de apostadores, consta a presença do irmão do atleta, Wander Nunes Pinto Júnior; da cunhada, Ludymilla Araújo Lima; e da prima, Poliana Ester Nunes Cardoso. Todos eles obtiveram retornos financeiros em apostas no jogo contra o Peixe.
Em uma conversa com o irmão recuperada pela PF, Bruno Henrique é questionado se estaria pendurado (com dois cartões amarelos) no Brasileirão. Ao que ele responde positivamente, o irmão pergunta quando ele deve tomar um terceiro cartão, e o atleta acentua que só deverá ser advertido novamente algumas semanas depois, no jogo contra o Santos.
O parente chega a questioná-lo se ele conseguirá ficar sem ser advertido até a data, e o camisa 27 do Fla pondera: "Não vou reclamar" e "só se eu entrar forte em alguém". Nas vésperas do jogo diante do Santos, além de trocar mensagem com o irmão, Bruno Henrique chegou a ligá-lo para supostamente confirmar que provocaria a punição com o cartão amarelo.
A ação do jogador de provocar a advertência acabou por chamar a atenção do International Betting Integrity Association (IBIA), utilizado pela CBF para analisar possíveis irregularidades nas partidas à época.
Um outro ponto que levantou suspeita da Polícia Federal quanto ao envolvimento de Bruno Henrique na fraude foi a análise de 3.989 conversas no WhatAapp em que muitos dos diálogos estavam vazios ou apagados do aparelho celular do atleta. Com apenas parte dos registros levantados, a investigação ficou centrada no aparelho do irmão do jogador, onde os diálogos completos foram encontrados.
Em parte desses diálogos, foi possível ainda encontrar conversas sobre a entrada em um outro esquema de aposta. O irmão do jogador demonstra interesse em adentrar em outra suposta fraude, mas Bruno Henrique retruca que as tais apostas seriam no valor de R$ 10 mil semanais e acentua: "Esse aqui pesado não dá pra vc não (sic)".
A Lei Geral do Esporte acentua que qualquer pessoa envolvida com futebol que fraudar ou contribuir para que se fraude o resultado de uma competição esportiva deve ter pena ou reclusão de dois a seis anos, além de uma multa. Confira o trecho:
O jogador, via assessoria, mas preferiu não se manifestar no momento. Já o Flamengo, em nota, diz não ter sido "comunicado oficialmente por qualquer autoridade" e defende "a aplicação do princípio constitucional da presunção de inocência e o devido processo legal".
"O Flamengo não foi comunicado oficialmente por qualquer autoridade pública acerca dos fatos que vêm sendo noticiados pela imprensa sobre o atleta Bruno Henrique. O Clube tem compromisso com o cumprimento das regras de fair play desportivo, mas defende, por igual, a aplicação do princípio constitucional da presunção de inocência e o devido processo legal, com ênfase no contraditório e na ampla defesa, valores que sustentam o estado democrático de direito", diz o Rubro-Negro.