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PF indicia Bruno Henrique, do Flamengo, por forçar cartão para beneficiar apostadores
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PF indicia Bruno Henrique, do Flamengo, por forçar cartão para beneficiar apostadores

Artigo 200 da Lei Geral do Esporte prevê pena de dois a seis anos por fraude para esse tipo de crime
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Bruno Henrique está no Flamengo desde 2019 (Foto: Adriano Fontes/Flamengo)
Foto: Adriano Fontes/Flamengo Bruno Henrique está no Flamengo desde 2019

O atacante do Flamengo, Bruno Henrique, foi indiciado juntamente com outras dez pessoas — incluindo alguns familiares — na última segunda-feira, 14, pela Polícia Federal (PF) por suposta fraude em competição esportiva. A informação é do site Metrópoles

O ídolo do clube rubro-negro teria beneficiado apostadores com um cartão amarelo tomado em um jogo contra o Santos, em 2023, pelo Campeonato Brasileiro. Entre os grupos de apostadores, consta a presença do irmão do atleta, Wander Nunes Pinto Júnior; da cunhada, Ludymilla Araújo Lima; e da prima, Poliana Ester Nunes Cardoso. Todos eles obtiveram retornos financeiros em apostas no jogo contra o Peixe. 

Em uma conversa com o irmão recuperada pela PF, Bruno Henrique é questionado se estaria pendurado (com dois cartões amarelos) no Brasileirão. Ao que ele responde positivamente, o irmão pergunta quando ele deve tomar um terceiro cartão, e o atleta acentua que só deverá ser advertido novamente algumas semanas depois, no jogo contra o Santos.

O parente chega a questioná-lo se ele conseguirá ficar sem ser advertido até a data, e o camisa 27 do Fla pondera: "Não vou reclamar" e "só se eu entrar forte em alguém". Nas vésperas do jogo diante do Santos, além de trocar mensagem com o irmão, Bruno Henrique chegou a ligá-lo para supostamente confirmar que provocaria a punição com o cartão amarelo.

A ação do jogador de provocar a advertência acabou por chamar a atenção do International Betting Integrity Association (IBIA), utilizado pela CBF para analisar possíveis irregularidades nas partidas à época. 

Conversas apagadas

Um outro ponto que levantou suspeita da Polícia Federal quanto ao envolvimento de Bruno Henrique na fraude foi a análise de 3.989 conversas no WhatAapp em que muitos dos diálogos estavam vazios ou apagados do aparelho celular do atleta. Com apenas parte dos registros levantados, a investigação ficou centrada no aparelho do irmão do jogador, onde os diálogos completos foram encontrados. 

Em parte desses diálogos, foi possível ainda encontrar conversas sobre a entrada em um outro esquema de aposta. O irmão do jogador demonstra interesse em adentrar em outra suposta fraude, mas Bruno Henrique retruca que as tais apostas seriam no valor de R$ 10 mil semanais e acentua: "Esse aqui pesado não dá pra vc não (sic)".  

O que diz a Lei Geral do Esporte

A Lei Geral do Esporte acentua que qualquer pessoa envolvida com futebol que fraudar ou contribuir para que se fraude o resultado de uma competição esportiva deve ter pena ou reclusão de dois a seis anos, além de uma multa. Confira o trecho:

  • 200. Fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para que se fraude, de qualquer forma, o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Sem pronunciamento

O jogador, via assessoria, mas preferiu não se manifestar no momento. Já o Flamengo, em nota, diz não ter sido "comunicado oficialmente por qualquer autoridade" e defende "a aplicação do princípio constitucional da presunção de inocência e o devido processo legal".

"O Flamengo não foi comunicado oficialmente por qualquer autoridade pública acerca dos fatos que vêm sendo noticiados pela imprensa sobre o atleta Bruno Henrique. O Clube tem compromisso com o cumprimento das regras de fair play desportivo, mas defende, por igual, a aplicação do princípio constitucional da presunção de inocência e o devido processo legal, com ênfase no contraditório e na ampla defesa, valores que sustentam o estado democrático de direito", diz o Rubro-Negro.

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