Após semanas de tensão, críticas e más atuações, o Fortaleza enfim reencontrou seu ritmo e sua harmonia. Foram três partidas seguidas sem sofrer gols, com nove marcados nos dois jogos mais recentes. Uma sequência que devolveu confiança, tirou o clube do Z-4 da Série A e reacendeu a fé da torcida. Uma virada não só de chave, mas de clave — das pautas musicais mesmo. Afinal, a melodia mudou por completo.
E se no campo as coisas começaram a funcionar, goleando o Colo-Colo-CHI no meio de semana e o Juventude no último sábado, 10; fora dele, o torcedor já se apegava a tudo que podia. O mês de maio, tradicionalmente forte para o Leão na Era Vojvoda, foi umas das superstições tomadas e chegou como promessa de recomeço após o pior primeiro quadrimestre do treinador.
Até o Vaticano entrou na história. Foi eleito um novo papa. O nome escolhido? Leão XIV. O suficiente para que os tricolores e até mesmo o clube nas redes sociais, em tom de brincadeira e fé, acreditassem que as viradas foram de chave, clave e conclave.
Superstições à parte, o que se viu em campo nos últimos três compromissos foi um Leão — o do Pici – intenso e contundente. Contra o São Paulo, na Série A, antes dos placares elásticos, um empate sem gols longe de seus domínios ainda não encantava, mas mostrava solidez defensiva e uma mudança de postura.
Em seguida, uma atuação marcante e dominante diante do Colo-Colo, pela Libertadores: 4 a 0 no Castelão, deixando o Tricolor, que enfrenta o Bucaramanga-COL amanhã, bem próximo de uma classificação para a fase eliminatória.
Logo depois, um sonoro 5 a 0 sobre o Juventude no Brasileirão, com direito a atuação coletiva de alto nível, gol de Calebe após mais de um ano, reedição da dobradinha argentina Lucero e Pochettino e até mesmo Marinho e Breno Lopes disputando o mesmo gol.
Vojvoda reencontrou o encaixe tático, e os jogadores responderam. “Quando se põe a camisa do Fortaleza, tem que responder”, resumiu o treinador argentino. E foi exatamente isso que o time fez: pressionou alto, teve intensidade, aumentou o leque ofensivo e voltou a jogar com confiança.
O fato é que o Tricolor reencontrou seu som. A partitura voltou a fluir. Com os dois “camisas 9” balançando as redes e funcionando bem, peças importantes retomando boas atuações — como Pochettino — e o sistema defensivo funcionando, o time voltou a ser ameaçador.
Se foi a chegada de maio, os ajustes de Vojvoda ou a bênção do Papa, pouco importa. O Leão voltou a rugir e encontrou chaves para virar, seja com Lucero marcando quatro gols nos últimos quatro jogos, Deyverson e Pochettino tendo boas atuações, os pontas voltando a ser agudos ou com a solidez de Gustavo Mancha e companhia na defesa.