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O que é BPA e por que pode fazer mal à saúde
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O que é BPA e por que pode fazer mal à saúde

|composto químico| Especialistas apontam que substância pode ser prejudicial se ingerida em grande quantidade
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BPA está presente em copos plásticos (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil BPA está presente em copos plásticos

Uma lata de alimento ou aquele copo plástico usado para tomar café. Esses utensílios parecem inofensivos no dia a dia, mas podem liberar uma substância conhecida como Bisfenol A (BPA) que, se acumulada em grandes quantidades no organismo, tem potencial de desencadear doenças como cancêr.

Eveline Gadelha, endocrinologista que atua no Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (UFC), explica que o bisfenol é um composto químico "bastante utilizado" industrialmente. Ele está presente em copos, vasilhames e garrafas plásticas, em filmes plásticos, PVC, tubos PVC, em resinas que revestem latas de alimentos e bebidas, em selantes dentários e até mesmo em
cupons fiscais.

Ainda segundo profissional, quando exposto a extremos de temperatura esse composto solta o Bisfenol A (BPA), que é um tipo da substância— podendo contaminar alimentos ou liquidos e ser facilmente ingerido.

O BPA é liberado em quantidades elevadas em comidas, por exemplo, quando o plástico é aquecido no microondas ou quando alimentos são acondicionados em alta temperatura, conforme aponta o nutricionista Fábio Félix. Essa liberação também pode ocorrer quando há um resfriamento do plástico.

"O BPA pode contaminar alimentos para o consumo humano por ser uma substância que quando exposta a temperaturas muito elevadas ou baixas (frio intenso) pode se desprender do alimento e ser ingerida quando o alimento é consumido, sendo por sua vez absorvido pelo intestino",
explica o profissional.

A presença de grandes quantidades da substância no corpo humano pode ter consequências. "(O BPA) pode agir como um disruptor endócrino (interferindo) no nosso metabolismo e produção hormonal, além de dificultar a regulação de vias metabólicas fundamentais para a funcionalidade do nosso organismo, podendo ter correlação com várias comorbidades e patologias, que vão desde problemas a nível cardiovascular, alterações do eixo hormonal, carcinomas e alterações no estado emocional", pontua Fábio.

Completando a fala do profissional, a endocrinologista Eveline Gadelha aponta que há diversas evidências de estudos feitos em células humanas e em animais expostos de que a substância tem impacto na saúde, além também de existirem pesquisas de associação em populações humanas expostas.

"Podemos dizer com base nas evidências científicas disponíveis que a presença de bisfenol já foi documentada em diversos líquidos humanos (leite humano, líquido aminiótico, cordão umbilical, sêmen, urina) confirmando o quanto estamos absorvendo esse produto no nosso cotidiano. Seja através da pele, da respiração e da ingestão de alimentos e líquidos envazados em plásticos ou
latas", diz.

Ainda conforme especialista, a maior concentração de bisfenol tem sido associada a condições como obesidade, redução da contagem de esperma, puberdade precoce e a câncer de mama e de próstata. Ela explica que o bisfenol pode também interagir com o receptor de estrogênio (hormônio cuja ação está relacionada com o controle da ovulação) como se fosse o próprio hormônio, ou bloqueando a sua ação.

Como evitar a exposição ao BPA

> Procure acondicionar alimentos e bebidas em vasilhames de vidro.

> Utilize louça ou vidro ao aquecer alimentos no micro-ondas.

> Reduza o contato manual com cupons fiscais em papel térmico. Opte pelo envio do comprovante de compra por e-mail.

>Prefira o consumo de água filtrada.

> Realize o descarte apropriado de recicláveis para evitar que os plásticos sejam decompostos no meio ambiente contaminando o solo.

> Evitar brinquedos plásticos particularmente para bebês e crianças pequenas.

Fonte: Eveline Gadelha, endocrinologista

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