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O filme que mudou a estética do cinema no Brasil
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O filme que mudou a estética do cinema no Brasil

|clássico|Filme de Glauber Rocha completa 60 anos e permanece como um símbolo criativo e ousado do nosso cinema até os dias de hoje
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Foto: divulgação Restauração de "Deus e o Diabo na Terra do Sol" será exibida neste mês no Festival de Cannes, na seção Cannes Classics

"Deus e o Diabo na Terra do Sol", de Glauber Rocha, é um dos clássicos cinematográficos que se estendem além das paisagens áridas do sertão nordestino. O filme aborda de forma profunda questões essenciais da condição humana, de uma forma a frente de seu tempo. A estreia em Cannes, em 1964, é um momento histórico para o cinema brasileiro. Selecionado para a competição oficial, o longa foi amplamente bem recebido pela crítica internacional. A exibição ajudou a colocar o Cinema Novo brasileiro no mapa do mundo, mostrando a riqueza, a diversidade e a cultura da produção cinematográfica do Brasil.

A habilidade de mesclar elementos do folclore brasileiro com a estética cinematográfica moderna e sua visão única sobre questões sociais e políticas da época foram reconhecidas em Cannes, e ajudaram a solidificar a imagem de Rocha como um dos mais importantes cineastas do século XX. O que deu visibilidade ao cinema brasileiro.

Ambientado no sertão nordestino do Brasil, segue a jornada de Manoel e Rosa, um casal de lavradores que tentam fugir da opressão latifundiária do local onde vivem. Durante sua jornada se deparam com Sebastião, um livre messiânico. E logo de cara podemos ver a abordagem de Rocha sobre o fanatismo religioso que também atormenta aquelas terras. Explorando a violência em nome de um homem que se julga santo, enquanto se utiliza do sertão como pano de fundo para uma reflexão profunda sobre a condição humana até as últimas consequências.

Enquanto buscam por sua liberdade, Manoel e Rosa são colocados em rota de colisão com fanatismo religioso e com forças poderosas e opressivas, personificadas pelo jagunço Corismo. E à medida que a história se desenrola, o longa mergulha nas representações de bem e mal assim como a imensa desesperança que aqueles personagens enfrentam. "Pra que fugir e se desgraçar em esperança", diz Rosa em dado momento do longa. Mostrando de forma dura ao espectador a realidade cruel que enfrentam no momento, onde desistir seria algo melhor do que ter a esperança de alguma melhora. Seja ela qual for.

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