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A primeira romancista negra do Brasil
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A primeira romancista negra do Brasil

| MARIA FIRMINA DOS REIS | Ganhando mais reconhecimento atualmente, a escritora é considerada a primeira romancista negra na literatura brasileira pela publicação de seu livro Úrsula
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Imagem de apoio ilustrativo. Maria Firmina dos Reis nasceu no Maranhão, no ano de 1822 (Foto: Domínio Público)
Foto: Domínio Público Imagem de apoio ilustrativo. Maria Firmina dos Reis nasceu no Maranhão, no ano de 1822

Nascida em São Luís, no Maranhão, e filha do comerciante João Pedro Esteves e de mãe negra alforriada, Leonor Filipa, Maria Firmina teve grandes conquistas em vida, como ter sido a primeira mulher aprovada em um concurso público no Maranhão e ser considerada a primeira mulher negra a escrever um romance no Brasil.

Considerada por muitos historiadores como a primeira romancista negra do Brasil, Maria Firmina dos Reis, a quem teria 202 anos — se isso fosse possível —, foi de grande importância para a literatura brasileira, em especial pelo período em que viveu: o escravista.

Autora do livro Úrsula, Firmina gerou grande impacto ao escrever um romance que critica a sociedade escravocrata daquela região, mas também por dar voz a personagens negros.

Mestre em História pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Régia Agostinho da Silva destaca que Firmina foi a primeira mulher negra a escrever um romance no Brasil. O livro "é considerado por muitos o primeiro romance abolicionista da literatura brasileira".

Régia explica que o movimento abolicionista no Brasil começa no final da década de 1860. "Eu costumo dizer que em 1859 — quando o livro Úrsula foi lançado — ela lança um romance antiescravista".

Explicando os termos antiescravista e abolicionista, Régia ressalta que o primeiro é "todo aquele que é contrário a escravidão", mas que não necessariamente pedia pelo fim imediato da escravidão.

Em relação ao segundo termo, a historiadora explica: "Os abolicionistas reivindicavam o fim imediato da escravidão". Segundo ela, o abolicionismo é "um movimento social, coletivo", mas que era possível ser um antiescravista de forma solo . "Dentro do próprio movimento no Brasil havia diferenças: alguns abolicionistas aceitavam a abolição apenas com indenização".

A professora conta que Firmina se tornou abolicionista no ano de 1887, quando lançou o conto "A Escrava", onde ela constrói uma personagem feminina que tem sentimentos sinceramente abolicionistas. "O termo já existia em 1887, mas em nenhum momento é citado em Úrsula".

Segundo Régia, a obra de Maria Firmina é importante no contexto histórico e literário, pois os personagens cativos do livro aparecem como "sujeitos históricos". "Nós que estudamos a obra de Maria Firmina, sabemos que os personagens Úrsula e Tancredos — ambos brancos —, são apenas um chamariz para a maioria das pessoas que liam romances naquela época, que eram mulheres", explica.

"Eles tomam a cena, eles falam deles mesmos, contra a escravidão. O autor é onisciente também fala contra a escravidão. Temos três personagens: o Túlio, que ajuda Tancredo a escapar da morte; a Preta Susana, onde ela fala pela primeira vez na literatura brasileira sobre a passagem em um navio negreiro; e Antero, que também era um africano e sofria com o alcoolismo".

A historiadora e professora explica que, este último personagem, na África, trabalhava e não precisava mendigar dinheiro a ninguém. "Ele bebia apenas em dias festivos, nos rituais religiosos, a bebida tinha um outro sentido para ele na África. Aqui no Brasil, a bebida se torna uma doença para ele", explica.

E segundo ela, há uma construção de uma imagem de África, pela primeira vez no Brasil, de forma positiva. "A África de Maria Firmina dos Reis é oposta ao Brasil. Era a terra da liberdade. Embora a gente saiba que, historicamente, havia escravidão no continente africano".

 

 

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