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Jogador do Ceará denuncia ataques racista e homofóbico em jogo do Cearense Sub-17
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Jogador do Ceará denuncia ataques racista e homofóbico em jogo do Cearense Sub-17

O episódio aconteceu durante a parada para hidratação, aos 25 minutos do 2° tempo, conforme relatado em súmula pelo árbitro Wesley Pacheco Rocha
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Aloísio Neto atua como lateral-direito na base do Ceará Sporting Club (Foto: Gabriel Silva / Ceará SC)
Foto: Gabriel Silva / Ceará SC Aloísio Neto atua como lateral-direito na base do Ceará Sporting Club

O lateral-direito do Ceará, Aloísio Neto, afirma ter sido vítima de ataques racista e homofóbico durante jogo do Alvinegro de Porangabuçu contra o Anjos do Céu, nessa quinta-feira, 4, pela 6ª rodada do Campeonato Cearense Sub-17. Em denúncia publicada no perfil do atleta no Instagram, ele alegou ter sido chamado de “macaco e viado” por um homem presente no CT Granja Tijuca, na Messejana.

“Hoje venho comunicar que no jogo entre Anjos do Céu e Ceará, nunca tinha acontecido isso comigo, sofri racismo no meio do jogo. Um pai do time dos caras me chamou de macaco e viado, mas Deus sabe de tudo o que está acontecendo. Obrigado a todos que me apoiaram, amo vocês, rapaziada!”, escreveu na rede social o lateral-direito do Alvinegro de Porangabuçu.

O episódio teria acontecido durante a parada para hidratação, aos 25 minutos do 2° tempo, conforme relatado em súmula pelo árbitro Wesley Pacheco Rocha. Segundo documento, Aloísio Neto foi em direção à arbitragem e à comissão técnica do Ceará chorando relatando ter sido chamado de “macaco”.

“Imediatamente repassei a informação para o delegado da partida para tomar as devidas providências e o jogo ficou paralisado até que algumas pessoas foram retiradas do estádio por seguranças presentes no local. Por conta disso, o jogo ficou paralisado por 6 minutos e, após a retirada das pessoas mencionadas, o jogo reiniciou normalmente”, registrou o árbitro em súmula.

Nesta sexta-feira, 5, Aloísio Neto esteve na Delegacia de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou Orientação Sexual (Decrin) da Polícia Civil do Ceará (PC-CE) para prestar depoimento e realizar o boletim de ocorrência.

O Esportes O POVO apurou que o suspeito foi identificado pela polícia, após um dos presentes gravarem o rosto do suposto agressor no momento de saída do CT Granja Tijuca. Ainda no local, membros da comissão do Ceará tentaram impedir o deslocamento do homem, mas outras pessoas contribuíram para que ele deixasse o espaço.

O caso está sendo acompanhado pelo Departamento Jurídico do Ceará. Aloísio Neto e à família estão recebendo suporte da assistência social do clube.

Posicionamento do Ceará

Na tarde desta sexta-feira, o Ceará emitiu uma nota oficial repudiando a ofensa racista e homofóbica contra Aloísio Neto. No comunicado, o clube informou que “colocou à disposição do atleta aparato psicológico” e que, internamente, “adora tolerância zero para casos de discriminação racial, de crença, étnica ou de orientação sexual”, inclusive, com “cláusulas específicas inseridas nos contratos de atletas”.

Veja nota do Ceará

“O Ceará vem a público repudiar ofensa racista e homofóbica sofrida pelo nosso lateral-direito Aloísio Barbosa de Abreu Neto, 16 anos, na partida entre Anjos do Céu 0 x 2 Ceará, realizada ontem (04), no CT Granja Tijuca e válida pelo Estadual Sub-17. Aos 25 minutos, o atleta foi xingado de “macaco” e “veado” por um torcedor da equipe adversária. Árbitro e delegado da partida foram acionados pelo ocorrido e o indivíduo foi retirado do local da partida.

Após a partida, de imediato, o Ceará colocou à disposição do atleta aparato psicológico, além do departamento jurídico — para que todas as medidas cabíveis fossem tomadas. Na manhã dessa sexta-feira (05), foi registrado boletim de ocorrência na Delegacia de Discriminação Racial, Religiosa ou Orientação Sexual (Decrin). O suporte foi dado pela Dra. Illa Campos Timbó, delegada da Polícia Civil/CE.

Enquanto Time do Povo, reforçamos nosso apreço pela pluralidade e externamos nossa indignação por este fato. Internamente, o Ceará Sporting Club adota um regime de tolerância zero — entre os nossos atletas — para casos de discriminação racial, de crença, étnica ou de orientação social. Cláusulas específicas inseridas nos contratos de atletas preveem até rescisão imediata de fatos como esse.

Repudiar e combater ações como essa é a nossa obrigação enquanto Clube. Somos todos iguais e atitudes como essa não deveriam ter mais espaço na nossa sociedade. Reforçamos que o futebol precisa ser um ambiente acolhedor para todos.”

Posicionamento do Anjos do Céu

Em nota nas redes sociais, o Anjos do Céu lamentou o ocorrido com o atleta do Ceará e repudiou o ato racista e homofóbico proferido por um dos presentes no CT Granja Tijuca contra o lateral-direito Aloísio Neto, em duelo pelo Campeonato Cearense Sub-17.

Veja nota do Anjos do Céu

“O Anjos do Céu, sempre comprometido com a promoção da diversidade, da inclusão e do respeito, repudia veementemente qualquer ato racista e homofóbico.

O Clube lamenta profundamente o ocorrido com o jogador do Ceará, durante a partida de futebol de ontem.

Tal comportando não condiz com os valores e princípios que norteiam o nosso time.

Acreditamos que o esporte deve ser um espaço de união e respeito, sendo inaceitável qualquer tipo de discriminação”

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