O lateral-direito do Ceará, Aloísio Neto, afirma ter sido vítima de ataques racista e homofóbico durante jogo do Alvinegro de Porangabuçu contra o Anjos do Céu, nessa quinta-feira, 4, pela 6ª rodada do Campeonato Cearense Sub-17. Em denúncia publicada no perfil do atleta no Instagram, ele alegou ter sido chamado de “macaco e viado” por um homem presente no CT Granja Tijuca, na Messejana.
“Hoje venho comunicar que no jogo entre Anjos do Céu e Ceará, nunca tinha acontecido isso comigo, sofri racismo no meio do jogo. Um pai do time dos caras me chamou de macaco e viado, mas Deus sabe de tudo o que está acontecendo. Obrigado a todos que me apoiaram, amo vocês, rapaziada!”, escreveu na rede social o lateral-direito do Alvinegro de Porangabuçu.
O episódio teria acontecido durante a parada para hidratação, aos 25 minutos do 2° tempo, conforme relatado em súmula pelo árbitro Wesley Pacheco Rocha. Segundo documento, Aloísio Neto foi em direção à arbitragem e à comissão técnica do Ceará chorando relatando ter sido chamado de “macaco”.
“Imediatamente repassei a informação para o delegado da partida para tomar as devidas providências e o jogo ficou paralisado até que algumas pessoas foram retiradas do estádio por seguranças presentes no local. Por conta disso, o jogo ficou paralisado por 6 minutos e, após a retirada das pessoas mencionadas, o jogo reiniciou normalmente”, registrou o árbitro em súmula.
Nesta sexta-feira, 5, Aloísio Neto esteve na Delegacia de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou Orientação Sexual (Decrin) da Polícia Civil do Ceará (PC-CE) para prestar depoimento e realizar o boletim de ocorrência.
O Esportes O POVO apurou que o suspeito foi identificado pela polícia, após um dos presentes gravarem o rosto do suposto agressor no momento de saída do CT Granja Tijuca. Ainda no local, membros da comissão do Ceará tentaram impedir o deslocamento do homem, mas outras pessoas contribuíram para que ele deixasse o espaço.
O caso está sendo acompanhado pelo Departamento Jurídico do Ceará. Aloísio Neto e à família estão recebendo suporte da assistência social do clube.
Na tarde desta sexta-feira, o Ceará emitiu uma nota oficial repudiando a ofensa racista e homofóbica contra Aloísio Neto. No comunicado, o clube informou que “colocou à disposição do atleta aparato psicológico” e que, internamente, “adora tolerância zero para casos de discriminação racial, de crença, étnica ou de orientação sexual”, inclusive, com “cláusulas específicas inseridas nos contratos de atletas”.
“O Ceará vem a público repudiar ofensa racista e homofóbica sofrida pelo nosso lateral-direito Aloísio Barbosa de Abreu Neto, 16 anos, na partida entre Anjos do Céu 0 x 2 Ceará, realizada ontem (04), no CT Granja Tijuca e válida pelo Estadual Sub-17. Aos 25 minutos, o atleta foi xingado de “macaco” e “veado” por um torcedor da equipe adversária. Árbitro e delegado da partida foram acionados pelo ocorrido e o indivíduo foi retirado do local da partida.
Após a partida, de imediato, o Ceará colocou à disposição do atleta aparato psicológico, além do departamento jurídico — para que todas as medidas cabíveis fossem tomadas. Na manhã dessa sexta-feira (05), foi registrado boletim de ocorrência na Delegacia de Discriminação Racial, Religiosa ou Orientação Sexual (Decrin). O suporte foi dado pela Dra. Illa Campos Timbó, delegada da Polícia Civil/CE.
Enquanto Time do Povo, reforçamos nosso apreço pela pluralidade e externamos nossa indignação por este fato. Internamente, o Ceará Sporting Club adota um regime de tolerância zero — entre os nossos atletas — para casos de discriminação racial, de crença, étnica ou de orientação social. Cláusulas específicas inseridas nos contratos de atletas preveem até rescisão imediata de fatos como esse.
Repudiar e combater ações como essa é a nossa obrigação enquanto Clube. Somos todos iguais e atitudes como essa não deveriam ter mais espaço na nossa sociedade. Reforçamos que o futebol precisa ser um ambiente acolhedor para todos.”
Em nota nas redes sociais, o Anjos do Céu lamentou o ocorrido com o atleta do Ceará e repudiou o ato racista e homofóbico proferido por um dos presentes no CT Granja Tijuca contra o lateral-direito Aloísio Neto, em duelo pelo Campeonato Cearense Sub-17.
“O Anjos do Céu, sempre comprometido com a promoção da diversidade, da inclusão e do respeito, repudia veementemente qualquer ato racista e homofóbico.
O Clube lamenta profundamente o ocorrido com o jogador do Ceará, durante a partida de futebol de ontem.
Tal comportando não condiz com os valores e princípios que norteiam o nosso time.
Acreditamos que o esporte deve ser um espaço de união e respeito, sendo inaceitável qualquer tipo de discriminação”