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Incêndio no Cocó: recuperação deve durar um ano e custar R$ 500 mil
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Incêndio no Cocó: recuperação deve durar um ano e custar R$ 500 mil

| Meio ambiente | Segundo Elmano de Freitas (PT) é intenção do governo ter uma gestão menos burocrática no Parque do Cocó
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Incêndio no Cocó. Marimbondos e o fogo na floresta do Parque Estadual do Cocó, em Fortaleza, no Ceará. 19/1/2024 (Foto: Demitri Túlio
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Foto: Demitri Túlio Incêndio no Cocó. Marimbondos e o fogo na floresta do Parque Estadual do Cocó, em Fortaleza, no Ceará. 19/1/2024

A restauração das áreas danificadas em um incêndio de grandes proporções no Parque Estadual do Cocó, em Fortaleza, em janeiro deste ano, deverá durar inicialmente um ano e custará R$ 500 mil. A informação foi dada pelo Governo do Estado do Ceará durante a Festa Anual das Flores (FAA) 2024, realizada no Parque Estadual, ontem.

De acordo com o anúncio, os reparos irão se concentrar na recuperação do mangue e no manejo da área de brejo, queimados durante a tragédia do início deste ano. Os últimos trâmites burocráticos estão sendo aguardados para a operação do Plano Restaura Cocó ser iniciada.

"Um segundo aspecto muito importante é o aspecto da gestão do Parque. Vamos inovar para ter uma gestão participativa com acompanhamento, com estudo permanente, dados", disse o governador Elmano de Freitas (PT).

Elmano de Freitas frisou que não será uma gestão "burocrática", mas "uma gerência que acompanhe os dados da vida que o parque tem", prometeu sem apresentar o novo projeto de gerência da Unidade de Conservação estadual.

O investimento previsto para a recuperação é de R$ 500 mil feito pela Fundação Cearense De Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), órgão vinculado à Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece).

Nem o governador Elmano de Freitas nem a secretária do meio Ambiente do Ceará, Vilma Freire, informou o resultado da investigação sobre as causas do incêndio na área atingida, este ano, na Unidade de Conservação de Proteção Integral. Até agora, três meses depois do fogo, ninguém foi responsabilizado pelo crime ambiental em Fortaleza. 

Para o cientista chefe do meio ambiente do Estado, Luís Ernesto, por ter sido um local de salinas, o Parque do Cocó ainda enfrenta dificuldades na restauração natural de alguns pontos, como a área atingida pelo incêndio deste ano.

"Essas salinas deixaram cicatrizes no parque, por exemplo, diques, canais… e isso dificultou que a regeneração normal acontecesse. Se você pegar fotos antigas dessa área do incêndio de 2024 você vai ver que aquilo já era um descampado, porque aquilo não conseguiu colonizar como deveria", explica o também professor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Ainda conforme Luís Ernesto, a área atualmente se tornou um brejo, devido ao acúmulo de águas durante o período chuvoso, o que tem dificultado os estudos. O professor também explicou que apesar de beneficiar algumas espécies durante o início do ano, a área se torna mais seca no segundo semestre, propiciando a ocorrência de novos incêndios.

"Esse capim que se desenvolve lá, ele fica muito seco. E aí a população às vezes coloca fogo inadvertidamente, faz fogueira, toca fogo em lixo e qualquer faísca ali, esse capim é um combustível para incêndio", acrescentou Luís Ernensto.

O projeto inicial estipula que o brejo não seja retirado do local, mas sim tenha parte do território subtraído para que ocorra o plantio de mangue. Para isso, os seis primeiros meses da restauração devem ser destinados ao estudo da topografia, batimetria e hidrologia da área, para a melhor compreensão de onde deverá ser feito o retorno das águas do rio e do mar.

Os estudos têm a prerrogativa de evitar que a área de brejo seque em demasia durante futuros períodos de estiagem no Parque.

Passado o período de um ano da restauração, a área recuperada deverá passar por uma avaliação que irá definir outros procedimentos.

"Provavelmente ações de monitoramento, porque você precisa ficar monitorando o que está acontecendo. Às vezes o canal erode, às vezes você precisa fazer algum ajuste no plantio", concluiu Luís Ernensto.(Com Ana Rute Ramires)

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