Logo O POVO+
Milhares de indígenas marcham em Brasília por demarcação de terras
Farol

Milhares de indígenas marcham em Brasília por demarcação de terras

Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Nesta vista aérea, os indígenas brasileiros marcham em Brasília como parte do Acampamento Terra Livre em 23 de abril de 2024. Milhares de indígenas participam da maior manifestação anual para exigir seus direitos.
 (Foto: EVARISTO SA / AFP)
Foto: EVARISTO SA / AFP Nesta vista aérea, os indígenas brasileiros marcham em Brasília como parte do Acampamento Terra Livre em 23 de abril de 2024. Milhares de indígenas participam da maior manifestação anual para exigir seus direitos.

Milhares de indígenas fizeram uma caminhada nesta terça-feira em Brasília para exigir segurança e a demarcação de suas terras, um tema que opõe o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Congresso, de maioria conservadora.

"Hoje é a marcha com o tema da emergência indígena", disse à AFP Jaqueline Arandurah, líder do povo Guarani Kaiowá, que se concentra no Mato Grosso do Sul. "Já fazem mais de 400 dias do governo do presidente Lula, e nossas terras não foram demarcadas", ressaltou.

A líder acrescentou que marcha "para dizer ao governo que é preciso garantir os direitos dos povos indígenas para amenizar a violência nos territórios".

A demarcação das terras indígenas foi uma promessa de campanha de Lula, que retomou essa política, abandonada por seu antecessor Jair Bolsonaro. Além disso, a demarcação contribui para a preservação do meio ambiente, apontam cientistas.

Até o momento, foram homologadas durante o governo Lula dez novas terras indígenas, incluindo duas anunciadas na semana passada. Mas os manifestantes exigem mais ações.

A Esplanada dos Ministérios foi tomada por cocares, arcos e flechas, enquanto homens e mulheres de diferentes povos origináros brasileiros caminhavam em direção ao Congresso Nacional, onde foi realizada uma sessão solene.

A marcha incluiu danças e cantos, como parte do acampamento anual Terra Livre, que acontece nesta semana na capital do país.

A demarcação de terras é um tema polêmico no país. Seus críticos se concentram no poderoso agronegócio e em seus aliados no Congresso, que mantiveram na lei uma tese que limita os direitos dos indígenas sobre seus territórios, o chamado "marco temporal".

"Isso é uma ofensa. É dizer que somos os invasores, o que não somos", criticou Walderir Tupari, do povo Tupari, radicado no estado de Rondônia, ao afirmar que a Constituição do país está sendo violada. "A gente não está aqui desde 1988. Estamos aqui há muito tempo."

O Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a tese inconstitucional em setembro passado, mas deve repetir o debate sobre a nova lei. O ministro do Supremo Gilmar Mendes decidiu ontem suspender todas as ações judiciais sobre a constitucionalidade da lei, até que o STF se pronuncie definitivamente sobre o tema.

 

rsr/mls/arm/lb

O que você achou desse conteúdo?