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Lula e a articulação desarticulada
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Lula e a articulação desarticulada

O presidente Lula costuma puxar a orelha de ministros, de quem exige mais articulação e, numa boutade já sem graça, substituam livros por Lira, ao menos no caso do titular da Fazenda, Fernando Haddad
Tipo Opinião
Presidente Lula pressiona ministros por articulação mais eficaz (Foto: © Jose Cruz/Agência Brasil)
Foto: © Jose Cruz/Agência Brasil Presidente Lula pressiona ministros por articulação mais eficaz

O presidente Lula costuma puxar a orelha de ministros, de quem exige mais articulação e que, numa boutade já sem graça, substituam livros por Lira, ao menos no caso do titular da Fazenda, Fernando Haddad. Ao vivo, faz parecer que, se há ruído com o Legislativo, não se deve debitar na conta do chefe, mas na dos auxiliares.

No dia a dia, porém, dá-se o contrário, com Haddad e Geraldo Alckmin mais operosos e dedicados à interlocução parlamentar, sem necessariamente abrir mão de uma leitura eventual, coisa que talvez fizesse bem a Lula. E não digo que o petista não leia. Mas que, uma vez entretido, talvez lhe tocasse a ideia de que, se algo não vai bem, é possível que ele mesmo seja o responsável.

Veja-se o exemplo da desoneração. Três vezes derrotado na peleja em torno da matéria, o que fez o Planalto? Recorreu ao STF, que tem feito o papel de Congresso nessa nova dobradinha com o Executivo, numa espécie de "presidencialismo por substituição" no qual saem os deputados e senadores e entram os 11 togados da corte.

É até provável que Lula obtenha vitória nessa queda de braço sobre a folha, mas o custo político será previsivelmente alto. E isso, sem dúvida, irá se refletir nas costuras presentes e futuras entre os ministros e os mandatários.

O presidente deve saber tudo isso de cor, mas, quando os seus vetos começarem a cair e o governo encontrar ainda mais dificuldade para aprovar sua pauta, não descarto que volte a culpar alguma coisa que Haddad esteja lendo às escondidas.

 

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