Logo O POVO+
Tragédia do IJF: entre a barbárie e a falta de espírito público
Farol

Tragédia do IJF: entre a barbárie e a falta de espírito público

A forma como foi praticado, o fato de se tratar de um local público do qual se imaginava segurança, a razão absolutamente torpe que motivou a execução… São múltiplas as facetas a chocar nesse assassinato, que foi a mais própria definição de barbárie
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Funeral de vítima de assassinato no IJF, em Pacatuba (Foto: Fábio Lima/O POVO)
Foto: Fábio Lima/O POVO Funeral de vítima de assassinato no IJF, em Pacatuba

Foi simplesmente aterrorizante o crime que vitimou o zelador Francisco Mizael Souza da Silva no refeitório do Instituto Dr. José Frota (IJF) na última terça-feira, 23. A forma como foi praticado, o fato de se tratar de um local público do qual se imaginava segurança, a razão absolutamente torpe que motivou a execução… São múltiplas as facetas a chocar nesse assassinato, que foi a mais própria definição de barbárie.

O caso nos faz pensar no sentimento de posse que homens possuem sobre mulheres. Conforme a investigação, o autor do crime, Francisco Aurélio Rodrigues de Lima sentia ciúmes dos homens que trabalhavam no IJF, onde sua namorada era copeira. Ela disse que “nem tinha muita amizade” com Mizael, mas, mesmo assim, isso não impediu o crime.

Ainda conforme a mulher, Francisco Aurélio já havia dito que, se a visse conversando com algum homem, mataria os dois. E também que a namorada “só iria sossegar quando ele entrasse na cozinha (do IJF) e matasse alguém e arrancasse a cabeça”. Em 2022, Aurélio havia sido preso por ameaçá-la.

Um outro aspecto que chamou a atenção no caso foi o mais vil uso político da tragédia. Antes mesmo de se solidarizar com a vítima, políticos buscaram utilizar o crime em seus próprios interesses eleitorais. O prefeito José Sarto (PDT) alfinetou a política de segurança pública do governador Elmano de Freitas (PT), que, por sua vez, também achou por bem atacar o desafeto político na mesma publicação que fez sobre o caso. Seguiu-se, então, um patético jogo de empurra-empurra sobre as responsabilidades dos dois entes no crime.

Não interessa a nenhum cearense as arengas entre os dois. Do Governo do Estado e da Prefeitura de Fortaleza, espera-se integração para a resolução de problemas públicos, independente de partidos e preferências pessoais. É o mínimo que se espera de pessoas públicas. Aliás, quantos espaços públicos ainda têm biometrias ou reconhecimentos faciais ainda válidos de ex-funcionários?

O que você achou desse conteúdo?