Professores da Universidade Estadual do Ceará (Uece) realizaram na Praça do Ferreira em Fortaleza um ato em defesa da greve da categoria. Os docentes da instituição estão em greve desde o dia, 4 de abril, e além destes os professores da Universidade Regional do Cariri (Urca) e da Universidade Estadual Vale do Acaraú (Uva) também estão paralisados.
Em entrevista ao O POVO, Nilson Cardoso, professor e presidente do Sindicato de docentes da Universidade Estadual do Ceará (Sinduece), falou sobre a paralisação e as demandas dos professores das universidades estaduais.“A greve é nosso instrumento de luta em função do que estamos reivindicando, são melhorias salariais mais contratação de professores, questões de infraestrutura e assistência estudantil. Nós há muito tempo estamos tentando um diálogo com o governo mas não estamos conseguindo ter um avanço das pautas da educação” explica o presidente.
O Governo do Ceará anunciou um aumento de 5,62% para os servidores estaduais, valor que não é aceito pela categoria, que alega ter 35,7% pela ausência de reajuste durante o Governo de Camilo Santana, de acordo como explicou Nilson Cardoso.
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No último dia 2 de maio a categoria rejeitou uma proposta do Governo do Estado por não “enxergar um ganho imediato ou mesmo um plano de recomposição das perdas salariais”.
De acordo com Nilson, o Sinduece e os sindicatos dos docentes da Urca e da Uva trabalham com representantes do governo na negociação de uma nova proposta que será apresentada aos professores em assembleia.
Sem uma reposição imediata, os docentes ficariam apenas com o reajuste de 5,62%, até que o valor negociado com a categoria entrasse em vigor, no ano que vem. Segundo Nilson o sindicato junto com outros já vinha reivindicando um reajuste, mas que foram mais flexíveis com o governo por conta da pandemia de covid-19.
Segundo a professora do curso de pedagogia Raquel Dias, a paralisação iniciou também pelo não cumprimento por parte da gestão estadual, da data base para o reajuste, que é janeiro, dando o aumento apenas a partir de agosto e sem o pagamento dos retroativos do salário dos meses anteriores.
Para Raquel Dias, outro problema é a falta de professores na instituição, apesar de um concurso público para docentes ter acontecido em 2022, para isso segundo ela é necessário “a convocação do cadastro de reserva que resolveria parte da falta de professores”.
O POVO conversou com dois aprovados no cadastro reserva do concurso de 2022, Maclecio Sousa e Vanir Reis reivindicam a posse nos cargos no qual foram aprovados, alegando que a falta de professores sobrecarrega os docentes atuantes, como também o ensino, a pesquisa e a extensão.
Maclecio Sousa, que está no cadastro reserva para lecionar no curso de pedagogia, diz que na última proposta apresentada pelo governo e que foi rejeitada pelos docentes, “o governo sinalizou chamar apenas 35 professores do cadastro reserva, mas a carência é 482. Há uma lacuna, não há uma explicação porque se chegou nesse número se a carência é 482” , explica ele.
Eles vem participando dos eventos do sindicato, endossando as reivindicações pela convocação de novos professores aprovados em cadastro reserva. Segundo Vanir Reis, que está no cadastro reserva para o curso de Ciências Biológicas, esse cenário prejudica os estudantes por não ter professores, e ou por muitas vezes “a universidade vem utilizando professores temporários e substitutos de outros setores para atender a carência de 482 profissionais”.
De acordo com Nilson Cardoso, o fluxo de aposentadoria de professores, ou docentes que pedem exoneração de suas vagas, ocasiona a vacância da mesma, e os respectivos departamentos não podem realizar o concurso, precisando de autorização do Governo, que libera editais com muitas vagas, porém inferior aos números que a Universidade precisa.