Parecia que nem se tratava de um dos maiores eventos turísticos do Estado que reúne milhares de pessoas, movimenta milhões de reais e acontece há décadas. Um disse me disse do que pode e do que não pode, do que é mata atlântica a ser protegida e do que é um pé de manga que pode ser derrubado sem a necessidade de nenhuma autorização.
O vai e vem sobre onde acontecerá o Fortal 2024 mexeu com diferentes segmentos do Estado, do entretenimento aos administrativo, político e ambiental. Uma denúncia de desmatamento alerta órgãos e atores de defesa do meio ambiente sobre uma possível irregularidade. Então, descobre-se que 1,74 hectare de mata atlântica foi degradado antes que o Ibama fosse fazer uma inspeção in loco. Esse bioma só pode ser desmatado se houver autorizações específicas. Não havia.
A empresa foi multada, a obra de montagem da estrutura para a festa foi embargada e houve compromisso, fechado em audiência no Ministério Público do Estado (MPCE), de que nada seria feito até que as dúvidas sobre a natureza da vegetação fossem sanadas. Mesmo assim, a direção do Fortal afirmou, em entrevista à rádio O POVO CBN, que não tinha plano B caso não fosse realmente possível realizar o evento na área próxima ao Aeroporto Internacional Pínto Martins, terreno negociado pela Fraport, empresa administradora do equipamento.
No fim das contas, por intercedência e diálogo político, a festa voltou à Cidade Fortal, no bairro Manoel Dias Branco, de onde muitos disseram que nunca deveria ter sido pensada em sair.
Em mais esse imbróglio ambiental/econômico/político, fica clara a não importância dada à preservação do meio ambiente em uma cidade que só cresce, atrai e acolhe. E destaca o não cumprimento, por diferentes partes, das poucas legislações que tentam garantir o mínimo. É o típico desencontro entre preservação, política pública e inciativa privada.