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Jair, o indiciado
Farol

Jair, o indiciado

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deve se tornar réu nos próximos meses em algum dos processos dos quais é objeto no âmbito criminal. Daí à condenação pelo STF é um passo. A dúvida é se antes ou após as eleições de outubro
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Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)

Quase triplamente indiciado - pelas joias e pelas vacinas e talvez também no caso da conspirata do 8 de janeiro -, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deve se tornar réu nos próximos meses em algum desses processos dos quais é objeto no âmbito criminal. Daí à condenação pelo STF é um passo. A dúvida é se antes ou após as eleições de outubro, no primeiro teste de fato do bolsonarismo depois da derrota de 2022. Para o ex-mandatário, trata-se então não somente de mais um revés sofrido, mas de um cuja capacidade de estrago ainda está por ser mensurada, já que a pecha de "ladrão" de relógios e outros itens de luxo não lhe cairia bem às vésperas de um pleito tão importante como o de 2024, principalmente por neutralizar um aspecto relevante de sua retórica, aquele segundo o qual podem chamá-lo de qualquer coisa, menos de corrupto.

Bom, as investigações da PF se avolumam, com farto conjunto de indícios e matérias de prova (trocas de mensagens, prints, delações, fotografias, diligências nos EUA etc.), parte do qual foi obtida com a preciosa colaboração do entorno de Bolsonaro - e dele mesmo, vale lembrar. Parodiando o famoso diagrama de Dallagnol, todas as setas do esquema apontam para um nome - o do capitão da reserva, beneficiário derradeiro das estratégias postas em movimento na reta final de seu governo, a saber: ataques às urnas eletrônicas, das quais a reunião com embaixadores foi exemplar, a ponto de o TSE condená-lo por isso; uso da PRF para embaraçar o trânsito de eleitores no 2º turno, especialmente no Nordeste; e, pós-fracasso na disputa, as múltiplas tentativas de impedir a posse do candidato vencedor, Luiz Inácio Lula da Silva, na esteira das quais operou um assalto ao acervo da Presidência, com bens públicos subtraídos como se de caráter personalíssimo.

Moral da história: implicado em tantas escaramuças para as quais não tem resposta, restou a Bolsonaro apelar a seus apoiadores dispostos a acreditar ainda que Jair é perseguido, recorrendo, como de praxe, a um discurso sebastianista que acena para uma volta em 2026.

 

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