Logo O POVO+
Michael Quarcoo, o atacante ganês da base do Fortaleza que quer fazer história no Brasil
Farol

Michael Quarcoo, o atacante ganês da base do Fortaleza que quer fazer história no Brasil

Jogador de 19 anos, que foi descoberto por clube do Distrito Federal em Gana e brilhou na Copinha, mora no CT do Leão, em Maracanaú, e quer aproveitar chance no País para abrir fronteiras
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Atacante ganês Michael Quarcoo atua nas categorias de base do Fortaleza (Foto: João Moura / Fortaleza EC)
Foto: João Moura / Fortaleza EC Atacante ganês Michael Quarcoo atua nas categorias de base do Fortaleza

Desde o início dos anos 1960, quando Gana conquistou independência, o futebol é trabalhado como uma ferramenta de afirmação da identidade nacional. Dentre as histórias originadas no esporte, praticado entre ruas, escolas e campos da cidade de Agona Swedru, uma trilhou seu caminho ao Brasil, chegando ao Ceará, mais precisamente a Maracanaú, no CT Ribamar Bezerra, onde hoje reside vestindo vermelho-azul-e-branco.

Atacante das categorias de base do Fortaleza, Michael Quarcoo, de 19 anos, contou ao O POVO o início desafiador no futebol, a mobilização para viajar ao Brasil e o sonho de virar uma referência para gerações futuras do futebol africano. Além disso, demonstrou a transparência de seus sonhos, inspirações e a saudade dos familiares que permaneceram em Gana.

Depois de se destacar em uma competição na cidade onde vivia, em um momento em que carregava a dúvida se o próprio objetivo seria possível, foi selecionado em Gana por olheiros do Capital-DF, destacou-se na Copinha, com seis gols em cinco jogos — jogando como lateral —, e chamou a atenção do Leão do Pici.

O POVO – Você morava com mãe, irmã e avó em Gana. Quando veio para o Brasil, alguém viajou junto ou você está morando no CT do Fortaleza?

Michael Quarcoo – Toda a minha família mora em Gana, então eu vim de Gana para a capital (Brasília) para jogar e acabei assinando como profissional (ainda no Capital-DF). A saudade da minha família é imensa, mas mantenho contato regular por videochamadas e mensagens. Também foco nos meus objetivos, lembrando que estou aqui para criar um futuro melhor para todos nós. Isso ajuda a amenizar a saudade e a manter a conexão com eles. Moro no CT.

OP – Antes de ser contratado pelo Fortaleza, você foi destaque pelo Capital-DF na Copinha. Como foi o processo de captação e mudança para o Brasil?

Quarcoo – Joguei por vários clubes locais em Gana e participei de diversos torneios juvenis. Meu desempenho nesses torneios chamou a atenção de olheiros do Capital-DF, no Brasil. O processo de recrutamento envolveu uma série de testes e avaliações, e tive a sorte de impressioná-los com minhas habilidades. Mudar para o Brasil foi um grande passo, mas era uma oportunidade que eu não podia deixar passar.

OP – Você contou que jogava torneios locais em Gana e chegou a trabalhar como comerciante, auxiliando a avó. Quais foram os maiores desafios?

Quarcoo – As principais dificuldades no início eram os recursos em falta e as oportunidades também. Em Gana, não tínhamos as melhores instalações ou equipamentos de treinamento. Era desafiador ser notado por olheiros e times. Houve momentos em que duvidei se teria alguma chance de jogar profissionalmente, mas continuei trabalhando duro e mantendo o foco nos meus objetivos.

OP – Quarcoo, em relação ao idioma, como tem sido a adaptação?

Quarcoo – Essa barreira linguística, às vezes, torna as coisas difíceis, mas estou começando a me adaptar também. Estou empenhado em aprender. Além disso, o técnico do sub-20, Léo [Porto], tem sido muito prestativo ao me ajudar na questão do idioma, o que tem facilitado bastante minha integração no clube.

OP – Onde você se vê nos próximos cinco anos? Quais são seus sonhos no futebol?

Quarcoo – Nos próximos cinco anos, me vejo jogando no mais alto nível possível. Meu sonho é me tornar um dos melhores jogadores do mundo, representar minha seleção nacional nos maiores palcos e inspirar a próxima geração de jogadores de futebol em Gana e além. Aspiro ganhar títulos importantes, tanto a nível de clube quanto internacional, e deixar um legado no esporte.

OP – Você apresentou este sonho de se tornar inspiração para as próximas gerações. Na sua infância, em quais jogadores se espelhava?

Quarcoo – Minhas maiores inspirações no futebol são Didier Drogba e Michael Essien. Ambos são lendas que tiveram carreiras incríveis e fizeram muito para colocar o futebol africano no mapa global. A dedicação, habilidade e qualidades de liderança deles são coisas que me esforço para fazer na minha própria carreira.

OP – Você chegou a ser o jogador estrangeiro com mais gols na história da Copinha, e atuando como lateral. Qual a importância da competição na sua formação?

Quarcoo – Foi uma sensação incrível me destacar na Copinha. Marcar seis gols em cinco jogos foi um grande impulso de confiança para mim. Mesmo que eu ainda não estivesse jogando como atacante, sempre tentava participar do ataque e aproveitar minhas chances. A Copinha foi ótima para mostrar meu talento e teve um papel significativo na minha carreira.

OP – Chegando a Fortaleza, você acabou se tornando atacante. Como foi a transição da defesa para o ataque?

Quarcoo – A transição de lateral para atacante foi bastante interessante. Começou durante as sessões de treinamento, quando meu técnico percebeu minha velocidade, drible e capacidade de marcar gols. Ele sugeriu que eu tentasse jogar como atacante e descobri que gostava da posição. A motivação por trás da mudança foi utilizar minha força de forma mais eficaz.

O que você achou desse conteúdo?