A Terra registrou o dia mais quente de toda a série histórica de medição de temperatura no domingo, com média global do ar na superfície de 17,09°C. E em pleno verão no hemisfério norte muitas partes do Mediterrâneo enfrentam riscos extremos de incêndios florestais.
O valor mundial registrado quebrou o recorde anterior, estabelecido há um ano, de acordo com dados provisórios do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, da União Europeia - que tem registros de medições desde 1940. As temperaturas médias globais já atingiram ou ultrapassaram um limiar climático chave durante 12 meses, destacando o desafio de limitar o aquecimento global a menos de 1,5ºC acima da era pré-industrial, como estabelece o Acordo de Paris.
Esse acordo, firmado em 2015, procura limitar o aquecimento planetário a menos de 2ºC acima da média pré-industrial e, idealmente, a 1,5ºC. As alterações climáticas estão aumentando a frequência e a intensidade das ondas de calor, provocando fenômenos meteorológicos extremos, desde inundações a incêndios florestais - no Brasil, as enchentes no Rio Grande do Sul e as queimadas no Pantanal e na Amazônia são exemplos.
CENÁRIO
No sul da Europa, o aquecimento global está provocando temperaturas superiores a 40ºC, como ocorreu nas últimas duas semanas na Grécia. Por isso, as ameaças de incêndios florestais são cada vez maiores. Na Grécia, ocorreram ao menos 33 incêndios florestais entre domingo e segunda-feira. Atenas e partes do sul do país permanecem em alerta máximo para as próximas horas.
A Espanha também corre risco extremo de incêndio esta semana, à medida que as temperaturas aumentam no sul do país. Sevilha e Córdoba se aproximarão de 43ºC nesta quarta-feira, conforme previsão da agência de meteorologia espanhola AEMET.
Partes do sul de França e da Itália também correm risco de incêndios florestais. Mais ao norte, Berlim e Paris - que vai receber os Jogos Olímpicos a partir de hoje - deverão enfrentar ondas de calor no início de agosto. A temperatura média na capital alemã deverá subir até 28ºC em 6 de agosto, oito graus acima do normal, em um nível não visto há 30 anos.
DETALHAMENTO
A temperatura média para o ano até junho foi 1,64°C mais alta do que a da era de 1850 a 1900, de acordo com o Copernicus. O mês passado foi o mais quente de todos, recorde que se deu pela 13ª vez consecutiva nos últimos meses. "Isto é mais do que uma raridade estatística e evidencia uma mudança importante e contínua em nosso clima", declarou à época o diretor do observatório europeu, Carlo Buontempo, após um mês já marcado por fortes ondas de calor no México, na China, na Grécia e na Arábia Saudita, onde mais de 1.300 pessoas morreram durante a peregrinação a Meca. "Ainda que esta série de extremos acabe em algum momento, estamos preparados para observar novos recordes sendo batidos, pois o clima continua esquentando."