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Estrela da ginástica brasileira, Rebeca Andrade quer voltar a brilhar em Paris-2024
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Estrela da ginástica brasileira, Rebeca Andrade quer voltar a brilhar em Paris-2024

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Rebeca Andrade, ginasta brasileira (Foto: reprodução/ x / fig @gymnastics)
Foto: reprodução/ x / fig @gymnastics Rebeca Andrade, ginasta brasileira

Rebeca Andrade diz que não compete contra ninguém, nem mesmo contra a estrela Simone Biles. O esporte mundial estará de olho nelas a partir de domingo (28), mas a ginasta brasileira que brilhou em Tóquio vem a Paris com um único objetivo: dar o seu melhor. 

"Não sei como vencê-la, porque meu foco não está nela, meu foco está em mim. Então dar o meu melhor é algo que vai me deixar muito orgulhosa", disse Rebeca, 25 anos, em entrevista à AFP em maio.  

Com ouro no salto e prata no individual geral, a atleta se tornou em Tóquio-2020 a primeira brasileira a subir ao pódio olímpico na ginástica feminina e uma das protagonistas daqueles Jogos atípicos.  

A jovem paulista deu um passo à frente diante de Biles, que ficou fragilizada pelos "twisties", fenômeno que faz com que as ginastas percam o senso de direção no ar, e que a obrigou a desistir da maior parte das provas. 

E, desde então, ela não deixou o grupo de elite do esporte.  

Neste ciclo olímpico, Rebeca Andrade somou três títulos mundiais. Na última competição, a da volta triunfante de Biles, ambas dividiram cinco pódios (quatro ouros e uma prata para a americana, contra um ouro, três pratas e um bronze para a brasileira).

- Rivais e companheiras -

Agora, em Paris-2024, as duas voltarão a competir, mas num contexto de camaradagem que levou Biles a aplaudir das arquibancadas o ouro conquistado por Rebeca Andrade em Tóquio, que nunca escondeu a profunda admiração pela vencedora de 23 títulos mundiais. 

"Saber que nos incentivamos, que queremos que a outra ganhe, embora também queiramos vencer, é algo que acho muito bonito e que mudou muitas coisas dentro do esporte", explicou Andrade à TV Globo. 

Seguida por 2,7 milhões de pessoas no Instagram e inspiração para uma nova geração de ginastas brasileiras, o país estará de olho nela, mas a pressão não assusta esta jovem que sabe bem que o caminho até o sucesso é cheio de obstáculos.  

"Sei que é uma responsabilidade, mas não me sinto pressionada e não sinto isso como um fardo, porque sei que não sou obrigada a voltar ao meu país com medalhas", garantiu à AFP

- Inquieta -

Rebeca Andrade nasceu em Guarulhos, periferia de São Paulo, em uma casa humilde mantida sozinha pela mãe, Rosa Santos, empregada doméstica e mãe de oito filhos. 

Um projeto social em sua cidade a levou aos quatro anos para uma academia, onde chamou a atenção rapidamente.  

"Ela não tinha paciência para ficar parada. Não dava para colocar música porque ela logo começava a dançar e imitava uma coreografia feita pelas meninas mais velhas", lembra sua primeira treinadora, Mônica Barroso dos Anjos. 

Sua participação nos treinos chegou a ficar em risco por falta de dinheiro para o transporte. Mas vendo a sua capacidade, seus irmãos mais velhos se ofereceram para acompanhá-la numa caminhada de duas horas. 

Não demorou muito para que ela fosse apelidada de "Daianinha de Guarulhos", em referência a Daiane dos Santos, primeira ginasta brasileira a ser campeã mundial (2003) e sua grande inspiração. Ainda criança, foi treinar por uma temporada em Curitiba, antes de se transferir para o Flamengo.

- Perseverança -

Sua promissora carreira quase foi interrompida em diversas ocasiões devido a complicadas lesões no joelho que a obrigaram a se submeter a três cirurgias entre 2015 e 2019. 

Mas na parte mais difícil de um processo cheio de incertezas, uma certa Simone Biles, então já rainha da ginástica, lhe disse durante os Mundiais de 2018 para não desistir, porque ela tinha talento. 

"Eu estava sentada, ela estava passando e, do nada, se sentou do meu lado e me falou isso. Fiquei super feliz e disse para mim mesma: 'Meu Deus, a melhor pessoa do mundo pediu para que eu não desista. Agora tenho certeza de que não vou desistir'", contou ela à TV Globo.    

Após a primeira cirurgia, Rebeca conseguiu chegar à Rio-2016, onde terminou em décimo primeiro lugar na classificação geral. A sorte esteve do seu lado para Tóquio, já que o adiamento devido à pandemia aumentou a sua margem para se recuperar de uma nova cirurgia e se consagrar no Japão.  

Agora, novamente diante de Biles, ela espera seguir voando em Paris.

rs-raa/ma/aam/cb

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