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O criador da Catedral de Fortaleza em papelão
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O criador da Catedral de Fortaleza em papelão

Josemar Saraiva, 65 anos, fala sobre produção de réplica da Catedral de Fortaleza. Escultura feita de papelão durante tempo livre do aposentado
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Seu Saraiva, 65 anos, viralizou no Tik Tok ao fazer uma réplica de papelão da Catedral de Fortaleza (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA Seu Saraiva, 65 anos, viralizou no Tik Tok ao fazer uma réplica de papelão da Catedral de Fortaleza

Com mãos de artistas e de um talento único, Josemar Saraiva, conhecido pelos familiares e amigos como “seu Saraiva”, despertando a admiração de muitas pessoas com a construção de uma réplica bastante da Catedral Metropolitana de Fortaleza feita somente de papelão.

O fortalezense, de 65 anos, nasceu no bairro Carlito Pamplona e trabalhou por 35 anos em uma empresa ferroviária na área de funilaria. O aposentado conta que seu maior tesouro é  família. Ao lado da esposa, a “dona Graça”, ele teve três filhos e cinco netos.

Seu Saraiva tem um problema de locomoção, mas isso não foi obstáculo para usar o seu tempo livre para fazer arte em papelão. O que ele não imaginava era que essa brincadeira iria viralizar.

Tudo começou quando a sua nora, Daniele Ribeiro, publicou em abril último um vídeo no Tik Tok mostrando a réplica de papelão da Catedral. 

O POVO - O senhor possui alguma relação especial com a Catedral de Fortaleza?

Josemar Saraiva - Eu nunca pisei nem no interior nem no exterior de lá. Além disso, eu não me considero um cara religioso, apesar de minha esposa ser católica e já ter conhecido a Catedral. Mas eu sempre achei muito linda a estrutura de lá, isso influenciou quando eu decidi construir a réplica. Tenho planos de ir conhecer e quero doar a obra para ser exposta lá. O arcebispo pretende vir pessoalmente conhecer a obra.

OP - Qual a história por trás da criação da obra? Como foi todo processo?

Saraiva - Um certo dia uma pessoa veio aqui em casa fazer a unha da minha mulher, e nesse dia eu estava vendo um álbum antigo da prefeitura de Fortaleza que tinha a imagem da Catedral. Nesse momento, como a manicure já sabia que eu tinha feito algumas coisas de papelão e as pessoas gostaram, ela sugeriu que eu fizesse uma réplica da Catedral. Fiquei animado com a ideia, e no dia 15 de outubro do ano passado eu comecei a construir. No início era só a frente da Catedral, mas como as pessoas estavam gostando e começaram a dar corda, eu continuei construindo. Então, quando eu vi ela estava toda inteirinha.

Como eu nunca fui lá, eu optei por ver vídeos no Youtube que mostravam as laterais. Sem medidas e sem parâmetros, eu resolvi fazer o mais próximo da realidade. Se você procura comparar os tamanhos das peças com a real você vê que são os mesmo, como a escadaria que está do mesmo jeito. Como eu tenho um problema de locomoção e trabalho consertando eletrodoméstico, ainda faltam alguns detalhes para serem finalizados.


OP - Em que momento o senhor descobriu esse seu dom?

Saraiva - Uma vez, na época do Natal eu resolvi fazer uns presépios de papelão como decoração. As pessoas passavam e gostavam, além disso, comecei a fazer para as crianças que levavam para casa para colocar os bonequinhos. Já fiz casinhas de bonecas de papelão também. Com outros materiais, eu já fiz motinhas de lata de cerveja e construí um trenzinho de ferro na época em que eu ainda trabalhava.


OP - Qual o sentimento com a repercussão? Pretende explorar mais esse seu lado artístico?

Saraiva - É muito gratificante porque eu fiz ela sem propósito. Quando estava criando eu me sentia rejuvenescido, é muito prazeroso, eu faço com aquele prazer mesmo, deve ser por isso que os detalhes são tão encantadores. Ainda não caiu a ficha de toda essa repercussão, tem gente que já viu o vídeo na Suíça e na Alemanha. É difícil não ter um dia que alguém passe por aqui e não queira ver. Muita gente costuma dizer que esse meu dom foi dado por Deus.

Sobre os planos futuros ainda não faço ideia de como vai ser. Eu faço essas artes sem propósito de dinheiro, faço porque gosto. Mas já recebi alguns pedidos de pessoas para construir monumentos e outras coisas à parte. Agora quero construir a Catedral de São Paulo, sempre achei muito linda.

OP - Além de papelão, quais materiais foram utilizados? O que foi mais difícil nesse processo de montagem das partes da réplica?

Saraiva - O papelão foi o único material utilizado para a construção da réplica. A minha maior dificuldade foi na construção daquelas peças que eram mais detalhadas, principalmente as da frente da Catedral. As peças cilíndricas, por exemplo, tive que utilizar estilete para detalhar, e esse material não é o mais adequado, porque agride muito o papelão. Além disso, teve peças que duraram uma semana para serem finalizadas.



 

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