Sentados em sofás confortáveis, aos risos, os onze ministros do STF receberam os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, para discutir sobre a suspensão das emendas parlamentares impositivas. O "almoço institucional", assim denominado pelo presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, foi considerado positivo por todas as partes. Menos por Lira, que tem apego à falta de transparência desses repasses.
É que o presidente da Câmara usava as chamadas "Emendas Pix" como moeda de troca. Com a impositividade dos recursos, o Governo era obrigado a pagar, mas a distribuição desses valores era comandada por Lira, que, como retorno, ganhava poder na Câmara e devoção dos deputados.
Nesse embate, o maior aliado de Lira deveria ser Pacheco, mas o sonho do senador é ter uma cadeira no STF. Não é hora de se indispor com nenhum ministro, muito menos com o presidente Lula, que pode ser o responsável por colocar Pacheco onde ele quer estar.
Foi "um grande acordo nacional. Com o Supremo, com tudo", e quase todo mundo ficou feliz. O Judiciário conseguiu mostrar ao Congresso que tem força para rebater as investidas do Legislativo contra o STF. O Executivo vai conseguir conter o aumento desenfreado das emendas parlamentares e tomar a frente da maioria das negociações pelos recursos. Já o Parlamento vai manter as emendas com pequenos ajustes de transparência e rastreabilidade. Só Arthur Lira sai reclamando e com receio de não conseguir fazer seu sucessor na presidência da Casa.