O Tribunal de Justiça de Pernambuco decidiu manter a prisão preventiva da influenciadora digital Deolane Bezerra e da sua mãe, Solange Bezerra, após audiência de custódia na manhã de ontem. Elas foram detidas anteontem, durante a operação deflagrada pela Polícia Civil de Pernambuco que mira uma organização criminosa suspeita de envolvimento com jogos ilegais e lavagem de dinheiro.
Deolane afirmou ser vítima de "grande injustiça" e sua defesa, a mesma de Solange Bezerra, disse tratar as questões legais com "seriedade e transparência". Procurada novamente pela reportagem, a defesa não se manifestou. A influencer foi ouvida na Central de Audiências de Custódia do Recife, por meio de videoconferência realizada da Colônia Penal Feminina do Recife (CPFR), na região metropolitana, onde está presa. Mãe e filha foram encaminhadas para a unidade prisional ainda na tarde de quarta-feira e estão na mesma cela. Deolane fazia a divulgação da Esportes da Sorte, uma das bets que, ao lado da VaideBet, estão sendo investigadas pela polícia.
Uma terceira pessoa, Maria Bernadette Campos, também foi citada pelo tribunal, sem que a atuação no caso fosse detalhada, e teve a prisão mantida - sua defesa não foi encontrada pelo Estadão. Segundo o Tribunal de Justiça de Pernambuco, "as diligências tramitam em segredo de justiça, pelo fato de que o caso está em fase inicial de inquérito".
BALANÇO
A Operação Integration cumpriu até ontem 19 mandados de prisão e 24 de busca e apreensão. A operação segue com diligências em curso. A soma dos bens e valores em dinheiro apreendidos totaliza mais de R$ 150 milhões.
Segundo a polícia, foram alvo da operação dezenas de imóveis, embarcações, aeronaves, veículos e objetos de valor. "Só em um alvo, a gente encontrou 11 relógios da marca Rolex", disse o delegado-geral Renato Rocha. Foram apreendidos: R$ 439.869 em espécie; U$ 2.153 em espécie (cerca de R$ 12.146); € 5.819 em espécie (cerca de R$ 36.372); £ 6.310 em espécie (R$ 46.567); duas aeronaves e dois helicópteros avaliados em R$ 127 milhões; cinco automóveis de luxo avaliados em R$ 24,4 milhões; 37 bolsas femininas de luxo; 76 anéis e 17 joias de diversos modelos; e 16 relógios de luxo.
Um dos aviões estava em nome de uma empresa do cantor Gusttavo Lima, que afirma ter vendido a aeronave para a JMJ Participações, que pertence a José André da Rocha Neto, também proprietário da VaideBet. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) confirma a venda e afirma que o avião está em nome do artista sertanejo enquanto não é concluído o pagamento integral pela venda. Foram apreendidos ainda vários documentos que estão sendo analisados e deverão robustecer os elementos de prova reunidos no inquérito policial, segundo a Polícia Civil de Pernambuco. A investigação identificou movimentação financeira atípica de pessoas físicas e jurídicas, incompatíveis com as declarações de bens.
Em nota, a Esportes da Sorte diz que, desde março de 2023, tem prestado todos os esclarecimentos necessários nos autos do inquérito policial. Já a VaideBet informa que acompanha a operação da Polícia Civil e se colocará plenamente à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos que forem solicitados sobre a empresa e seus sócios.