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Com quantas cadeiradas se destrói uma eleição?
Farol

Com quantas cadeiradas se destrói uma eleição?

Foi o ápice negativo de uma campanha marcada desde o início pela truculência e pela falta de respeito, principalmente em razão das seguidas provocações realizadas pelo ex-coach Pablo Marçal
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MOMENTO da agressão de José Luiz Datena contra Pablo Marçal, ambos candidatos a prefeito de São Paulo
 (Foto: Reprodução / TV Cultura)
Foto: Reprodução / TV Cultura MOMENTO da agressão de José Luiz Datena contra Pablo Marçal, ambos candidatos a prefeito de São Paulo

Há exatamente uma semana, o Brasil se chocava com a cena mais violenta já registrada em um debate eleitoral no País: a cadeirada de José Luiz Datena (PSDB) em Pablo Marçal (PRTB) durante encontro promovido pela TV Cultura entre candidatos à Prefeitura de São Paulo. Foi o ápice negativo de uma campanha marcada desde o início pela truculência e pela falta de respeito, principalmente em razão das seguidas provocações realizadas pelo ex-coach goiano, que faz da desinformação e do sensacionalismo matéria-prima para os cortes que o ajudaram a ganhar visibilidade e pontos nas intenções de voto.

Ou seja, foram seguidas "cadeiradas" no atual processo eleitoral que conseguiram corroer a estabilidade dos adversários e desafiar nossas autoridades e a própria imprensa diante desse universo ainda tão complexo - e desregulamentado - que é o das redes sociais. Claro que nada justifica a atitude de Datena, e é também muito assustador ver como parcela da sociedade até comemorou a agressão feita pelo tucano, mas não se trata de um episódio isolado em si. Ele é resultado do acúmulo de fatores do passado e do presente que, infelizmente, rebaixaram o nível das discussões e transformam a arena política em um ringue de MMA. A plateia vai ao delírio, mas é preciso separar bem os dois campos: uma coisa é entretenimento, outra coisa é o futuro da maior cidade da América Latina. Vale sempre lembrar que não estamos mais na Idade Média, quando as disputas por poder eram decididas pelo uso da força bruta.

Mas, ao que parece, a fórmula desqualificada que Pablo Marçal pôs em prática não está mais surtindo os efeitos esperados. Ele estacionou nas pesquisas e sua rejeição foi para as alturas. A exagerada narrativa vitimista não colou - o empresário chegou a comparar a cadeirada à facada em Bolsonaro e ao recente tiro contra Donald Trump - e o prefeiturável se viu obrigado a mudar de rota e partir para uma postura propositiva. Surtirá efeitos? Os próximos 14 dias dirão, mas fica uma lição após toda essa turbulência: jamais tentem fazer o eleitor de bobo.

 

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