Desde a guerra de 2006 entre Israel e o Hezbollah, o influente líder do movimento islamista libanês, Hassan Nasrallah, vivia escondido para escapar do Exército israelense, mas na sexta-feira, 27, ele foi localizado e morreu em um bombardeio.
O poderoso grupo islamista pró-Irã confirmou neste sábado a morte de seu secretário-geral em ataque israelense contra o subúrbio sul de Beirute, reduto do movimento.
Inimigo declarado de Israel, ele fez raras aparições públicas desde a guerra entre o seu movimento e o Exército israelense em 2006. Seu endereço era mantido em sigilo. Mas, discursava com frequência, em pronunciamentos transmitidos ao vivo. Era o homem mais poderoso do Líbano.
Religioso, o homem de 64 anos era objeto de um grande culto de personalidade. Era o líder carismático do Hezbollah desde 1992, quando sucedeu Abbas Musawi, morto por Israel. Comandou de maneira paciente a evolução do Hezbollah, armado e financiado pelo Irã, que virou uma força política imprescindível, com representação no Parlamento e no governo.
O Hezbollah é atualmente a "joia da coroa" dos aliados do Irã na região, reunidos em um "eixo da resistência", que inclui grupos armados no Iraque, os rebeldes huthis do Iêmen e o Hamas palestino.
A morte do líder não é apenas um duro golpe para o Hezbollah, mas também para o Irã. Um membro sênior da Guarda Revolucionária do Irã, o vice-comandante Abbas Nilforoushan, também foi morto em ataques israelenses em Beirute, informou a mídia iraniana neste sábado.
O ataque aéreo de sexta-feira - uma sucessão de explosões extremamente poderosas que deixaram uma cratera de pelo menos 20 metros de profundidade - abalou Beirute. Israel realizou novos ataques aéreos no Líbano no sábado.
"Acertamos nossas contas com o responsável pelo assassinato de inúmeros israelenses e muitos cidadãos de outros países, incluindo centenas de americanos e dezenas de franceses", comemorou Binyamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense.
Em Beirute, houve choro e gritos neste sábado nos bairros que abrigam os refugiados xiitas.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse em comunicado que o país "apoia totalmente o direito de Israel se defender contra o Hezbollah, o Hamas, os Houthis, e qualquer outro grupo terrorista apoiado pelo Irã".
A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata democrata à Casa Branca, Kamala Harris, afirmou que Nasrallah tinha "sangue americano em suas mãos".
A Rússia, aliada do Irã, condenou o assassinato. A chancelaria de Moscou atribuiu a Israel a "responsabilidade total" pelas consequências "drásticas" que o assassinato de Nasrallah poderia provocar na região. (AFP)