Gabriel Galípolo, após passar com louvor pela sabatina do Senado, teve seu nome aprovado para presidência do Banco Central com folga na votação em plenário. Foram 66 votos favoráveis e 5 contra, em votação secreta. Foi o melhor placar dos últimos 22 anos. Mas isso não quer dizer que a vida dele será fácil.
Indicado do presidente Luíz Inácio Lula da Silva, ele vai suceder Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central, com quem travou diversos embates. Formado em economia pela PUC, ele foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda e diretor de Política Monetária do BC.
O nome dele foi bem recebido pelo mercado financeiro e muito por conta do próprio tom adotado por ele nas últimas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), na qual defendeu a importância de manter a inflação e o risco fiscal sob controle. O bom trânsito no campo político e a habilidade na comunicação até agora também o ajudou.
Mas manter isso a longo prazo, em um cenário com muitos desafios à frente, não será simples. A começar pela própria autonomia da autoridade monetária. Ele precisará adotar uma postura independente, garantindo que suas decisões sejam baseadas em dados e análises econômicas, e não em pressões políticas.
Além de, claro, trabalhar no combate à inflação sem deixar de lado os efeitos prejudiciais que a taxa básica de juros pode causar à economia. E, neste sentido, é importante lembrar que a taxa de juros reais no Brasil é uma das mais altas do mundo. Sobre esse assunto, ele enfatizou na sabatina sobre a "consolidação de uma agenda capaz de criar uma economia mais equânime e transparente".
Questões como um cenário global instável, a escalada dos juros do cheque especial e a própria questão da epidemia de apostas são outras variáveis que precisam ser observadas.