JERICOACOARA O que dá a entender é que, desse quiproquó inesperado sobre as terras da vila de Jeri, de uma empresária se apresentar como dona única da coisa toda, muito ainda haverá de desassossego.
Para quem é da comunidade - moradores nativos ou os que pousaram de outras bandas do mundo -, ou mesmo quem apenas visita, há uma aflição e curiosidade sobre o desfecho.
Mesmo que o Estado do Ceará, via seus órgãos jurídico (PGE) e de base fundiária (Idace), reconheça como legítimos os papéis cartoriais apresentados por Iracema Correia São Tiago, a reação não será tão passiva, como pretendem os gestores e os representantes da senhora, de 78 anos. O trocadilho é que a praia não é de Iracema.
Um acordo já está assinado, desde maio deste ano, o Estado mais Iracema, para que ela abra mão de todos os terrenos que tenham gente morando ou trabalhando - e outros pedaços apontados como de interesse público. Mas foi suspenso por 20 dias, antes da emissão do novo título de propriedade, a pedido da comunidade. Para que os locais e interessados possam minimamente se manifestar.
No acerto, a empresária terá 19 lotes (3,47 hectares), segundo o Idace. Sua escritura diz que ela teria bem mais: 73,5 ha, ou 80% da vila. A medida saiu da divisão de bens do divórcio com o empresário José Maria Morais Machado, já falecido.
O que o vento espalha nas conversas de Jeri é que as "fazendas da firma Machado" sobrepostas à praia famosa seriam muito menores e longe do que apontam os papéis. O lado da proprietária diz que a tecnologia melhorou a qualidade da medição. O Estado estaria batendo o georreferenciamento.
Mais gente entrou na história, como Ministério Público Estadual, a ideia do prefeito eleito de não ceder licenças e acionar a Justiça, ICMbio ainda avaliando o caso amiúde. O fato é que, por essa, Jeri não esperava!