O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, disse ontem, 18, que a discussão sobre alteração na escala 6x1, como colocada no Congresso, refere-se mais ao bem-estar físico e mental dos trabalhadores do que a questões de produtividade - e que os efeitos econômicos de eventual mudança precisam ser vistos com cuidado.
"Quanto aos efeitos econômicos de uma eventual mudança na escala 6x1, eu acho que nós precisamos olhar com muito mais cuidado", disse. "É evidente que ganhos de produtividade sempre facilitam esse processo, tornam ele menos impactante. Mas, de alguma forma, acredito que os impactos econômicos também não são tão fáceis de estimar, e a própria evidência acadêmica, científica, que se produziu é mista nesse sentido, ela não é conclusiva."
Segundo ele, há dúvidas sobre os ganhos da adoção da nova escala. "As medidas de produtividade não são tão simples de auferir e tão precisas quanto gostaríamos."
A discussão sobre o fim da escala de seis dias de trabalho por um dia de folga se transformou em fenômeno nas redes sociais. A conclusão é do levantamento Nexus - Pesquisa e Inteligência de Dados, que analisou cerca de 30 mil publicações sobre o tema nas cinco principais redes: X, Facebook, Instagram, Linkedin e TikTok.
O estudo aponta crescimento de 2.120% no número de postagens sobre o tema nas cinco plataformas, saindo de 539 no dia 7 para 11.969 no dia 12. No mesmo período, o volume de interações - curtidas, comentários e compartilhamentos de posts - cresceu 5.513%, passando de 267.124 para 14.995.806 interações.
Do total de conteúdos, 67% foram favoráveis à PEC da extinção da escala 6x1, 26% neutros e apenas 7% contrários. Os dados foram coletados de 7 de novembro a 12 de novembro. Ao todo, 40% de todas as interações se concentraram em 12 de novembro, dia de pico no tema no ambiente digital.
Campos Neto
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, voltou nesta segunda-feira, 18, a externar preocupação com um eventual avanço do debate que toma como base a proposta de emenda à Constituição que estabelece o fim da jornada de trabalho de 6 dias e trabalho por um de descanso. De acordo com o banqueiro central, a proposta caminha na mão contrária dos avanços conquistados na esteira da reforma trabalhista. Ele participou até o início da tarde desta segunda-feira de evento realizado pela Consulting House em São Paulo.
A propósito, segundo Campos Neto, o bom momento pelo qual passa o mercado de trabalho se deve às reformas feitas no Brasil. Atualmente o País conta com uma das menores taxas de desemprego de sua história.
"O bom momento do mercado de trabalho se deve às reformas feitas no Brasil", disse o presidente do BC.
O debate sobre a redução da jornada de trabalho no País ganhou força nos últimos dias porque a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) já teria conseguido número bem superior ao mínimo de 171 assinaturas de seus pares para que sua proposta de emenda à Constituição para a redução da jornada de 6 dias de trabalho por um de descanso possa ser aceita pela Câmara.
Pela proposta da parlamentar psolista, a jornada de trabalho, caso aprovada a sua alteração, passaria ser de 4 dias de trabalho por 3 de descanso.
Ao comentar sobre as expectativas em torno de crescimento e inflação, Campos Neto disse que os elevados preços dos insumos têm levado os agentes da economia real se revelarem mais pessimistas que os agentes do mercado financeiro.