O Brasil encerrou na última semana sua passagem na presidência do G20, grupo das maiores economias do mundo, com sinalizações importantes para construção de um pacto mais digno entre as nações. Temas como combate à fome e à pobreza; apoio à tributação dos bilionários; transição energética e reforma da governança global - que eram considerados prioritários pela diplomacia brasileira - entraram por consenso no documento.
Pela primeira vez na história do fórum, o grupo também se comprometeu a mobilizar recursos para saneamento básico e acesso à água potável.
São questões urgentes no mundo, mas que falam especialmente também aos brasileiros. Isso porque embora sejamos a 8ª maior economia do planeta, na 'economia real', temos ainda quase 10 milhões de pessoas vivendo na extrema pobreza e regiões com pouco ou nenhum acesso a condições dignas de moradia e cidadania.
A transição energética é também uma das principais apostas do Ceará e do Nordeste para uma nova economia, capaz de aumentar de forma orgânica e eficaz o fluxo de investimentos.
As resoluções não são vinculantes, o que faz com que o G20 sempre apresente mais resultados retóricos do que concretos, mas, é um passo importante para um alinhamento global sobre os temas e a construção de acordos multilaterais.
Como ocorreu, por exemplo, com os instrumentos de avaliação de investimento estrangeiro, que hoje constam na legislação de boa parte dos países e tentam evitar que setores estratégicos caiam exclusivamente nas mãos de empresas de apenas um país.
O cenário, porém, é desafiador. A mudança na presidência dos EUA pode retardar o avanço da agenda sustentável. Pactos como a taxação das grandes fortunas também precisam ser muito bem amarrados sob pena de favorecerem apenas uma fuga de capital.
Ou como falar de acabar com a fome no mundo, se não há sequer enfrentamento efetivo para acabar com as guerras em curso?
Do ponto de vista da diplomacia, a agenda foi mais assertiva que os resultados do G20 de Nova Dhéli. Mas o trabalho maior começa agora para tirar essas promessas do papel. E a primeira prova de fogo está logo ali, em 2025, quando o Brasil sediará a trigésima Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP 30).