Cinema Contra a melancolia das segundas-feiras, o começo dessa semana virou do avesso. Após meses de expectativas coletivas e menosprezo a quem torcesse contra, Fernanda Torres foi indicada ao Globo de Ouro de Melhor Atriz em Drama, concorrendo com titãs da indústria: Angelina Jolie, Nicole Kidman, Tilda Swinton e Kate Winslet. O destino de "Ainda Estou Aqui" já estava traçado em direção ao Oscar não só por sua qualidade arrebatadora ou pelo contexto de um mundo cada vez mais entregue aos governos extremistas, mas também pela estrutura que o fez largar na frente: distribuição da Sony Pictures nos EUA e a solidez que o nome de Walter Salles ainda tem no mercado internacional.
Nessa equação, porém, o fenômeno não existiria sem Fernanda Torres. O sucesso do filme no Brasil aconteceu muito antes de qualquer promessa ou prêmio americano e está diretamente ligado à credibilidade que ela construiu de forma ímpar na televisão brasileira, traçando um legado muito próprio. Nas dezenas de entrevistas que está dando ao redor do mundo, seja em português, inglês, francês ou até mesmo em italiano, ela continua soando tão simpática e autêntica como se estivesse na TV com Serginho Groisman. Ela não parece estar atrás de uma carreira lá fora. Ela está lá pelo Brasil. Se vai vencer o Globo ou se vai ser indicada ao Oscar, isso é nota de rodapé. Porque a Fernanda Torres mesmo, ela já venceu.