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Selic: BC deve ficar atento à dosagem do remédio
Farol

Selic: BC deve ficar atento à dosagem do remédio

A alta já era esperada diante de um quadro de maior pressão inflacionária, dólar alto e risco fiscal. Porém, o alerta de mais dois aumentos de 1 ponto percentual nas duas próximas reuniões fará o indicador atingir 14,25% ao ano
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A Taxa Selic serve como referência para outras taxas do sistema financeiro. (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil A Taxa Selic serve como referência para outras taxas do sistema financeiro.

Há um dito popular que diz que a diferença entre o remédio e o veneno é a dose. E o Banco Central deveria se atentar a isso. Nesta semana, o Comitê de Política Monetária deu um choque nos juros ao elevar a Selic em um ponto percentual, o que trouxe a taxa para 12,25% ao ano.

A alta já era esperada diante de um quadro de maior pressão inflacionária, dólar alto e risco fiscal. Porém, o alerta de mais dois aumentos de 1 ponto percentual nas duas próximas reuniões fará o indicador atingir 14,25% ao ano. O mercado financeiro, inclusive, já está elevando a aposta, especulando que o indicador vá chegar a 15% em 2025.

Os percentuais ficariam bem acima da máxima alcançada no governo Jair Bolsonaro, de 13,75%, quando o cenário econômico no País estava mais deteriorado. Ou seja, uma alta desta monta nos juros, além de encarecer demais o crédito ao consumidor, pode afetar sobremaneira o ritmo de crescimento do País e a retomada dos investimentos.

Vale lembrar que o quadro fiscal é preocupante, mas já foi pior. O País, por exemplo, deve terminar o ano com um déficit de R$ 48 bilhões, bem menos do que os R$ 100 bilhões previstos inicialmente. A receita também está crescendo.

É claro que o Governo precisa ser mais assertivo na sua política de corte de gastos, evitando descobrir um santo para cobrir outro. Também precisa melhorar a forma como se comunica para reduzir estresses desnecessários no câmbio.

Não há dúvidas de que o diagnóstico feito pelo Banco Central está em linha com uma estratégia de trazer a inflação para meta, mas o efeito colateral do remédio na economia não pode ser ignorado.

 

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