Principal alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro ano de mandato, o Banco Central (BC) não viveu e nem viverá dias de calmaria com a mudança no comando. Gabriel Galípolo assume com a postura de amigo do ministro Fernando Haddad (Fazenda) e com a bênção de Lula, mas tem pela frente uma temporada de testes de fogo para a economia brasileira.
Responsável por instituir a política monetária do País, ele vai ter de equilibrar a taxa básica de juros em um cenário no qual a inflação se projeta cada mês mais alta. A projeção de uma Selic acima dos 15% ao término de 2027 numa tentativa de conter a escalada dos preços de produtos com efeito colateral de frear o crescimento da economia não agrada.
Isso o coloca na rota de colisão com o Executivo. O amigo Fernando Haddad defende que o pacote de corte de gastos, o novo arcabouço fiscal e a política de investimentos do governo federal não dão margem para riscos à economia e, assim, manter a Selic em alta seria um erro. Já o padrinho Lula é do tipo que ataca quando insatisfeito.
Outra escalada, a do dólar, mostrou que a tarefa do BC para com a economia nacional é bem maior e está no foco da opinião pública também. A saber como Galípolo se comporta sob pressão em várias frentes e se as tomadas de decisão serão assertivas. Espera-se isso, afinal, juntamente com a política fiscal do governo, a política monetária do BC precisa ser certeira para que o País continue crescendo.