O feito de "Ainda Estou Aqui", filme de Walter Salles, vai além das três indicações para o Oscar. Foram milhões faturados nas bilheterias nacionais - revelando o interesse do público pelo longa. O mesmo público que vibrou na quinta-feira, 23, quando "I'm Still Here" apareceu na corrida pelas estatuetas de "Melhor Filme Internacional", "Melhor Filme" e "Melhor Atriz", para Fernanda Torres.
Na corrida do prêmio mais popular da indústria ganhamos enquanto público consumidor de cinema. No tempo dos streamings rasos, o longa navega entre a leveza dos intérpretes e o peso da ditadura militar. Para além da enxurrada de memes, temos pessoas interessadas em discutir a temática de forma profunda - movimento que contrasta com os debates da atualidade.
Com ou sem Oscar - prêmio já colocado em xeque pelos parâmetros utilizados pela academia - encontramos no filme uma onda de vibração coletiva que vale o esforço. É uma redescoberta do nosso cinema através de uma produção que não recebeu financiamento externo - em um cenário no qual realizadores dependem constantemente de apoios públicos, editais e burocracias. Além dos incríveis profissionais envolvidos, "Ainda Estou Aqui" mostra a força que temos enquanto consumidores. Lembrando que Fernanda arrematou o Globo de Ouro e o filme concorre ao BAFTA. Ainda não cansei de conversar - e de escrever - sobre "Ainda Estou Aqui". Até 2 de março, data da cerimônia, teremos muito assunto.