A crise da Azul Linhas Aéreas deflagrou outras crises pelo Nordeste brasileiro nas últimas semanas. A companhia investiu pesado na Região, com hub em Recife conectando todos os aeroportos nordestinos, mas foi o primeiro mercado abandonado por ela quando surgiu a dificuldade.
O baixo poder aquisitivo na população local e aos altos custos de operação das aeronaves não deram um resultado positivo. Ainda mais quando a empresa em operação no Brasil compõe uma grande holding com mercados mais prioritários. Nesse contexto, sequer a isenção de ICMS sobre os combustíveis usados nas aeronaves é uma medida atrativa para as companhias manterem os voos.
Ocorrência que merece um olhar ao passado. Com a liberdade tarifária instituída em 2009, o Brasil viveu um boom da aviação civil nos anos seguintes, especialmente, pelo bom momento da economia que ampliou o acesso da classe C aos voos. Mas os anos seguintes foram de maus bocados para as companhias, especialmente as que investiram no Nordeste, devido a crise econômica de 2016. Com a pandemia, o setor foi o primeiro a sofrer o impacto negativo - até hoje não superado.
O resgate histórico serve de exemplo para o momento atual. Vivemos um descompasso entre a economia das aéreas e a dos Estados - afinal, o PIB cearense nunca foi tão alto. A expectativa é de que algum gestor - seja das empresas, seja dos governos - enxergue uma saída para o modelo de negócio e faça os voos retornarem antes que o prejuízo causado pelos últimos cancelamentos seja grande demais.