A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) confirmou a instalação de dois projetos de biofábricas no Complexo de Saúde do Eusébio (Região Metropolitana de Fortaleza) que somam investimento de R$ 1 bilhão.
A confirmação foi feita em reunião com o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), na terça-feira, 11 de fevereiro.
Um dos projetos, o de maior porte, diz respeito ao Complexo Tecnológico em Insumos Estratégicos (CTIE), do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz).
Há ainda a Biofábrica de Wolbachia, que atuará no controle vetorial de arboviroses. Esse segundo investimento havia sido anunciado ainda no último trimestre de 2024.
Segundo o Governo do Estado, a expectativa é que a assinatura do contrato que dará início às obras do CTIE ocorra ainda este mês, seguido pelo início das obras, estimado para este primeiro semestre do ano. O cronograma prevê 20 meses de obras.
O CTIE irá atuar na produção de ingredientes farmacêuticos ativos (IFAs) de diversos biofármacos, incluindo medicações para tratamento de alguns tipos de câncer, doenças crônicas, doenças inflamatórias (como artrite reumatóide e doença de Crohn) e hormônio do crescimento.
A infraestrutura está inserida na estratégia do Ministério da Saúde de fortalecimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde e receberá cerca de R$ 1 bilhão de investimento do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal.
Já a Biofábrica de Wolbachia - que sozinha deve receber aporte de R$ 88 milhões para construção - deu início às obras em dezembro de 2024, e tem expectativa de estar pronta em agosto deste ano.
A perspectiva da Fiocruz é de que cada real investido representa economia entre R$43,45 e R$549,13 em medicamentos, internações e tratamentos em geral. A biofábrica de Wolbachia do Ceará poderá beneficiar, em sete anos, 1.794 municípios nordestinos e 55 milhões de brasileiros, sendo um hub para distribuição da tecnologia para o Nordeste.
A biofábrica de Wolbachia é uma instalação que produz mosquitos infectados com a bactéria "wolbachia", que impede a transmissão de doenças como dengue, zika e chikungunya.
O método foi desenvolvido na Austrália e a Fiocruz é uma das instituições que desenvolve e implementa o método no Brasil.
Além do início das obras da biofábrica no Ceará, o Ministério da Saúde já inaugurou projetos similares nos estados de Minas Gerais e Paraná (duas unidades).
Para o governador do Ceará, Elmano de Freitas, os empreendimentos são essenciais para o desenvolvimento de tecnologias que devem beneficiar não só economicamente, mas também a saúde pública do Estado e da Região.
"Estamos aqui para reafirmar o nosso compromisso com esse projeto, porque consideramos muito importante e estratégico. O que estamos fazendo aqui é importante para a história do Ceará", disse.
O diretor-executivo da Fiocruz, Juliano Lima, destaca o trabalho desenvolvido no Complexo de Saúde do Eusébio. "Para nós é um momento muito importante, porque a Fiocruz tem aqui no Ceará, no Eusébio, um dos seus projetos mais relevantes, pensando no agora e pensando no futuro da Fiocruz."
"Nós, hoje, acredito que deslanchamos um componente muito importante do nosso projeto aqui, porque a Fiocruz Ceará desenvolveu enormemente no campo da ciência e educação, e tem um papel importante no Brasil todo, e agora damos esse grande salto para o componente tecnológico e industrial. Esse projeto mostra que é possível associar desenvolvimento econômico e social através da saúde", afirma o executivo.