O Brasil foi alvo dos tarifaços promovidos pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na última semana e a tensão tomou conta de setores produtivos relacionados ao aço e ao etanol. Mas as medidas estão longe de ser a guerra comercial desenhada por analistas apocalípticos. Na prática, como se comprovou ao observar as tratativas com Canadá e México, são um pretexto para barganhar mais vantagens para os americanos.
Apesar da China ter levado o caso para Organização Mundial do Comércio, as decisões tomadas por Trump são do jogo do comércio internacional. Neste contexto, a postura do Brasil vem sendo adequada. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quando perguntado, falou em reciprocidade. Ou seja, o que for taxado além da medida terá uma resposta de igual proporção. Esta é a palavra de ordem dos líderes mundiais quando provocados sobre os tarifaços.
Mas é inegável que Trump consegue promover um show a cada medida tomada. Ele sabe que todos os holofotes do mundo estão virados para os Estados Unidos e usa isso muito bem para construir a narrativa que o convém. Negociador, pressiona os adversários e lança a eles a responsabilidade de ceder, mesmo que a negativa para isso traga mais inflação aos americanos.
Erra na leitura, no entanto, quem vê os artifícios usados pelo presidente dos Estados Unidos no âmbito econômico como cortina de fumaça para medidas mais ásperas e danosas ao mundo, como a investida contra os Palestinos no plano de tornar Gaza em uma riviera e nas tratativas com a Rússia para o fim da guerra na Ucrânia sem envolver os europeus e muito menos o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
As medidas econômicas são importantes, têm protagonismo no âmbito do comércio internacional e merecem tanta atenção quanto as demais medidas empregadas pelo presidente dos Estados Unidos nesses primeiros dias de governo. O que não dá é para ser uma audiência passiva e acrítica ao show de Trump.