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Bolsonaro e o fantasma da prisão
Farol

Bolsonaro e o fantasma da prisão

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Tipo Notícia

DENÚNCIA DA PGR "Caguei para a prisão", declarou Jair Bolsonaro, cujo sistema digestivo se notabilizou por constipações em série, incapacitado por semanas de fazer exatamente o que o ex-presidente disse agora que faria, diante da possibilidade de ficar atrás das grades depois da denúncia da PGR, apontando-o como pivô de uma organização criminosa.

É uma nota irônica que essa primeira manifestação de desimportância do ex-mandatário tenha recorrido ao que ele frequentemente se vê impedido de levar adiante, ou seja, de evacuar.

O fato é que, ao longo de suas quase 300 páginas, Paulo Gonet descreveu em minúcias uma tentativa de golpe de Estado que, se não logrou êxito, foi unicamente por razões alheias à vontade de Bolsonaro e de seu entorno, o que inclui parte do comando das Forças Armadas, preservadas pelo procurador-geral da República em seu relatório como parte do nosso pacto de acomodação.

Espécie de tutorial do crime, o documento, já encaminhado ao STF, expõe com riqueza de detalhes o passo a passo da trama golpista, situando-a cronológica e espacialmente, identificando o papel que cada um dos implicados na história teve e seus desdobramentos.

Há, portanto, um encadeamento lógico que remonta a 2021 e segue em 2022, operado por diferentes agentes políticos, civis e militares, que resulta no 8/1 de 2023, epicentro da energia social mobilizada pela falange que desembarcou em Brasília e logo se deu as mãos para levantar aqueles acampamentos terroristas - sob ouvidos moucos do Exército.

Pela fartura de elementos, é difícil supor que Bolsonaro alcance sucesso em se desembaraçar das acusações que pesam contra si. Daí que lideranças da oposição já se tenham antecipado para discutir 2026: afinal, a insistência do ex-capitão em se manter no páreo não pode atrapalhar o jogo eleitoral? Não devem gastar muito tempo para chegar a uma resposta.

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