Uma jovem foi mantida em cárcere privado pelo ‘tribunal do crime’ da facção criminosa cearense Guardiões do Estado (GDE) após ser acusada pela organização de provocar a morte de uma mulher durante o Carnaval no município de Paracuru, a 90,61 quilômetros de distância de Fortaleza. A vítima acredita que está viva por um milagre e por ter avisado sua mãe sobre o local.
A vítima foi resgatada pela Polícia Militar do Ceará (PMCE) após a equipe receber informações sobre a sua possível localização, onde teria sido levada por membros da facção. Diante das informações, os policiais realizaram um cerco no perímetro de uma residência, apontada como local onde a jovem estaria sob domínio do ‘tribunal’.
Conforme um documento do Ministério Público do Ceará (MPCE), no qual O POVO teve acesso, a vítima foi interrogada por telefone, ficando sob a mira dos sequestradores na residência. Ela relatou, em depoimento, que a situação aconteceu após ela e uma amiga brigarem com uma mulher desconhecida na praça do Paracuru.
Horas depois, a mulher foi encontrada morta na praia. A facção, no entanto, acusou a jovem do crime, vindo a ela ser ‘convocada’ para o ‘tribunal’ — setor de disciplinas de uma organização, onde podem ser aplicadas punições caso regras sejam descumpridas, entre elas torturas e mortes. A sentença é dada por criminosos do alto escalão da organização.
O documento do MP revela que os criminosos estavam aguardando o aval do chefe da facção GDE para assassinar a jovem, que foi evitado com a chegada dos agentes. No local, três pessoas, sendo dois adolescentes de 15 anos e um adulto, tiveram voz de prisão dada aos suspeitos, sendo conduzidos a delegacia para a lavratura do procedimento policial competente.
Ainda na residência, foram apreendidos armas, munições, dinheiro, pedras de crack, balança de precisão e celulares. Os adolescentes foram acusados configuram atos infracionais análogos aos crimes previstos nos seguintes dispositivos:
Diante dos fatos, o MPCE requereu, neste domingo, 9, a medida cautelar de internação provisória, com apreensão em flagrante contra os adolescentes, assim como que seja feita a remoção deles para unidade de internação apropriada.