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Jovem diz estar viva por milagre após ficar em cárcere privado por "tribunal do crime" da GDE
Farol

Jovem diz estar viva por milagre após ficar em cárcere privado por "tribunal do crime" da GDE

Vítima foi acusada pela facção de provocar morte de uma mulher durante carnaval, sendo interrogada e ameaçada por criminosos até ser resgatada por policiais militares; três pessoas foram capturadas
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IMAGEM de apoio ilustrativo. Vítima foi resgatada pela polícia (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS IMAGEM de apoio ilustrativo. Vítima foi resgatada pela polícia

Uma jovem foi mantida em cárcere privado pelo ‘tribunal do crime’ da facção criminosa cearense Guardiões do Estado (GDE) após ser acusada pela organização de provocar a morte de uma mulher durante o Carnaval no município de Paracuru, a 90,61 quilômetros de distância de Fortaleza. A vítima acredita que está viva por um milagre e por ter avisado sua mãe sobre o local.

A vítima foi resgatada pela Polícia Militar do Ceará (PMCE) após a equipe receber informações sobre a sua possível localização, onde teria sido levada por membros da facção. Diante das informações, os policiais realizaram um cerco no perímetro de uma residência, apontada como local onde a jovem estaria sob domínio do ‘tribunal’.

Conforme um documento do Ministério Público do Ceará (MPCE), no qual O POVO teve acesso, a vítima foi interrogada por telefone, ficando sob a mira dos sequestradores na residência. Ela relatou, em depoimento, que a situação aconteceu após ela e uma amiga brigarem com uma mulher desconhecida na praça do Paracuru.

Horas depois, a mulher foi encontrada morta na praia. A facção, no entanto, acusou a jovem do crime, vindo a ela ser ‘convocada’ para o ‘tribunal’ — setor de disciplinas de uma organização, onde podem ser aplicadas punições caso regras sejam descumpridas, entre elas torturas e mortes. A sentença é dada por criminosos do alto escalão da organização.

O documento do MP revela que os criminosos estavam aguardando o aval do chefe da facção GDE para assassinar a jovem, que foi evitado com a chegada dos agentes. No local, três pessoas, sendo dois adolescentes de 15 anos e um adulto, tiveram voz de prisão dada aos suspeitos, sendo conduzidos a delegacia para a lavratura do procedimento policial competente.

Ainda na residência, foram apreendidos armas, munições, dinheiro, pedras de crack, balança de precisão e celulares. Os adolescentes foram acusados configuram atos infracionais análogos aos crimes previstos nos seguintes dispositivos:

  • Tráfico de drogas e associação para o tráfico;
  • Integração em organização criminosa armada;
  • Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, no caso, de forma compartilhada, vez que a arma estava ao alcance de todos, podendo cada um dos infratores fazer uso da espingarda;
  • Corrupção de menores;
  • Sequestro e cárcere privado, agravado por ameaça de morte

Diante dos fatos, o MPCE requereu, neste domingo, 9, a medida cautelar de internação provisória, com apreensão em flagrante contra os adolescentes, assim como que seja feita a remoção deles para unidade de internação apropriada.

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