Principal expoente no combate ao racismo no futebol, Vinícius Júnior parece ter ganhado mais um aliado nos campos e também outro antagonista nos bastidores nesta luta. No dia 7 deste mês, o jovem Luighi, do time sub-20 do Palmeiras, foi vítima de injúria racial em um jogo no Paraguai. Em comovente desabafo, o atacante chorou e cobrou atitudes. A Conmebol "puniu" o Cerro Porteño com uma simples multa.
Dez dias depois, o presidente da entidade, o também paraguaio Alejandro Domínguez, por um ato falho ou não, deixou claro por que a entidade responsável pelo futebol sul-americano é tão branda nestes episódios. Questionado sobre como seria a Copa Libertadores sem times brasileiros, opinou que seria como "Tarzan sem Chita". No paralelo traçado por ele, os brasileiros seriam a macaca, animal que os torcedores costumam imitar nas arquibancadas para atacar rivais — o que ocorreu com Luighi, por exemplo.
Diante da repercussão, Domínguez se desculpou e afirmou se tratar de uma "frase popular". Curiosamente, no mesmo dia, o presidente da Conmebol, no sorteio da Libertadores e Sul-Americana, discursou por longos minutos sobre o racismo e pareceu se emocionar. Longe do palco, sem discurso pronto, Alejandro Domínguez deu a entender sua real faceta. E as penas nada severas aplicadas pela entidade que dirige contra os casos de discriminação ratificam isso. Que Vinícius Júnior, Luighi e tantas vítimas não esmoreçam diante de uma luta tão desigual.