A Casa Vida&Arte promoveu sua primeira atividade na XV Bienal Internacional do Livro do Ceará, neste sábado, 5. O espaço realizou o bate-papo “A Mulher no Mercado de Quadrinhos”, com a participação de Dhiow, Pâmela de Castro e Rebeca Jéssica - todas quadrinistas do V&A, e Emylle Torres, personagem da tirinha "Emylle Sobre Rodas".
Quem mediou a conversa foi Marcos Sampaio, editor-adjunto do caderno, que diariamente publica tirinhas diversas na página Brincar. A maioria das produções de quadrinhos veiculadas na publicação é feita por mulheres, de acordo com o jornalista. Para Dhiow, a indústria de histórias em quadrinhos abriu mais espaço para mulheres atualmente, mas ainda há muito a ser conquistado.
“Realmente teve um movimento de mulheres, pessoas negras, corpos dissidentes, de travar esse espaço. Senão fossemos nós mesmos não teríamos chegado aé aqui, por isso o espaço se abriu muito comparando com anos anteriores. Apesar dos pesares, conseguimos, porém ainda há muito o que fazer”, destaca a responsável pela tirinha “Coisinhas”.
Pâmela de Castro salienta que hoje existe uma possibilidade maior não só para mulheres produzirem quadrinhos, mas também estudarem e divulgarem seus trabalhos através de cursos e oficinas realizadas na Cidade como a Feira Livre de Quadrinhos, a Oficina de Quadrinhos da Universidade Federal do Ceará e o Laboratório de Quadrinhos da rede Cuca. “Esses espaços possibilitam um maior acesso à produção de quadrinhos que nós mulheres não tínhamos antes”, afirma a criadora do “Metaquadrinhos”.
A criadora da “Zootirinhas”, Rebeca Jéssica, argumenta que a mudança no arquétipo do público que consome quadrinhos também favoreceu a ocupação de mulheres nesse espaço: “Houve uma quebra do paradigma que só homem lê quadrinhos, só homem gosta de super-herói, só homem que sabe. Temos mais mulheres produzindo hoje e mostrando que quadrinhos também é um espaço nosso”.
A identificação é outro fator que possibilita uma maior inserção das mulheres dentro dessa linguagem, para Emylle Freitas, a protagonista de “Emylle sobre Rodas”. “Passei a perceber que eu não era a única passando por aquelas situações quando as pessoas vieram comentar no Instagram sobre a tirinha falando ‘nossa, isso aconteceu comigo do mesmo jeito’”, relata a também para paratleta de bocha.
“Então, acho que é isso, ter um espaço para compartilhar e quem ler entender que não está sozinha no mundo”, completa Emylle, cujas tirinhas trazem suas histórias reais de vida baseadas nas situações capacitistas que passa por ser uma pessoa com deficiência física.