Motoristas de Fortaleza foram surpreendidos por um aumento expressivo no preço da gasolina. Em alguns postos da Capital, o litro passou de R$ 5,66 para R$ 6,49 — uma alta de R$ 0,83. O aumento foi de aproximadamente 14,7%.
O reajuste ocorre pouco depois da capital cearense aparecer entre aquelas com a gasolina mais barata do Brasil, com preço médio de R$ 5,97, segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), referente à semana anterior.
A alta gerou desconforto entre os consumidores e dúvidas sobre o que motivou esse aumento. Consultores e representantes do setor explicam que parte da mudança tem origem nos tributos, mas também há componentes de mercado — e até uma movimentação antecipada dos postos, segundo algumas análises.
Segundo Bruno Iughetti, consultor na área de petróleo e energia, o reajuste do ICMS é um dos fatores. A alíquota do imposto, que incide sobre a gasolina, passou a representar R$ 1,47 por litro — antes, era R$ 1,37. Esse aumento de R$ 0,10 ocorreu em fevereiro e já afeta diretamente o preço na bomba.
No entanto, ele reforça que esse não é o único motivo. “O restante é questão de mercado. Mas acredito que a Petrobras deve reduzir o preço da gasolina na refinaria nos próximos 15 a 20 dias, acompanhando a queda do petróleo cru no mercado internacional. Há espaço para uma queda de 4% a 5%”, afirma.
Para Ricardo Pinheiro, consultor em Engenharia de Petróleo e Energia, o aumento não tem base técnica sólida e não partiu da Petrobras, refinarias privadas ou importadores. “Foi um aumento esporádico, sem explicação clara. Parece um movimento preventivo dos postos, que aumentam agora para depois reduzir sobre um preço mais alto”, analisa.
Ele também cita o impacto do dólar. A valorização da moeda americana acaba anulando parte da queda do petróleo, já que a commodity é negociada em dólar. “Mesmo com o petróleo caindo mais de 15% nos últimos dias, a alta do dólar compensa essa baixa aqui no Brasil. Mas, ainda assim, não justifica esse aumento todo agora.”
O assessor econômico do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado do Ceará (Sindipostos-CE), Antônio José Costa, avalia que esse tipo de oscilação é comum no setor. “O mercado de combustíveis vive de altas e quedas. Isso depende do mercado internacional, do dólar e também do mercado interno”, afirma.
Segundo ele, com a alta do dólar e mudanças nos custos, empresas precisam ajustar seus preços. “Quando há variações como essas, os postos repassam para o consumidor. É um movimento natural da economia”, diz. Sobre a especulação de que decisões do ex-presidente Donald Trump nos EUA estariam influenciando os preços, Antônio José minimiza: “O impacto aqui é muito pequeno.”
Apesar da alta repentina, os especialistas concordam que o cenário internacional favorece uma redução de preços nas próximas semanas. Ontem, o dólar comercial encerrou o dia vendido a R$ 5,845, com queda de R$ 0,152 (-2,54%). A cotação aproximou-se de R$ 6,10 por volta das 9h45 e estava pouco acima de R$ 6 até pouco antes das 14h30, mas desabou após mudança na política tarifária dos Estados Unidos. Em 2025, a divisa acumula queda de 5,42%.