Moradores dos bairros Ellery e Presidente Kennedy, em Fortaleza, se reuniram na tarde desta segunda-feira, 14, na sede da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), no bairro de Fátima, para discutir os impactos causados pela Mecesa Embalagens.
LEIA TAMBÉM | Moradores dos bairros Ellery e Presidente Kennedy denunciam poluição da Mecesa Embalagens
A reunião contou com a presença da Associação Comunitária dos Bairros Ellery, Monte Castelo e Adjacentes (ACBEM); da coordenação do Movimento das Famílias afetadas pela Poluição da fábrica Mecesa; da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e dos mandatos da deputada Emília Pessoa e do deputado Renato Roseno.
Como resultado da reunião, ficou decidido que a Semace irá se reunir com a Procuradoria Geral do Estado (PGE) para entender melhor o que pode ser feito em relação à liminar que concede o direito de funcionamento à fábrica, mesmo após o embargo aplicado pela fiscalização.
A autônoma Cláudia Terrero, contou ao O POVO, que “saiu de lá com uma esperança”.
“A Semace nos prometeu que vai rever essa liminar para possivelmente embargar a fábrica novamente (...) Ela [empresa] trabalha ilegal aqui. Eles sempre entram com liminar e conseguem funcionar normalmente”, conta.
A moradora do bairro relatou que desde 2018 a empresa opera ilegalmente no bairro. O local onde a Mecesa Embalagens atua compreende cerca de cinco ruas do bairro Ellery e Presidente Kennedy, segundo a moradora.
“A gente espera que eles saiam do bairro, porque [de acordo com] o plano diretor da prefeitura, não é pra existir nenhum tipo de fábrica [aqui]”, conta.
Cláudia relata que moradores dos prédios no entorno também sofrem com a fumaça densa gerada pelo maquinário: “As pessoas dos prédios estão sendo muito atingidas, a poluição talvez esteja indo mais para lá do que para cá — funcionando como uma espécie de barreira. As crianças descem para brincar de máscara”.
A moradora conta que as portas e janelas da residência são vedadas, devido ao mau cheiro que fica quando as máquinas estão operando. “E mesmo assim ainda passa”.
O diretor da Associação Comunitária dos Bairros Ellery, Monte Castelo e Adjacentes (ACBEM), Aguinaldo Aguiar, relatou que foram feitos quatro pedidos ao superintendente da Semace, João Laprovítera. Veja demandas:
“Avaliei a reunião como muito positiva e tenho esperança de que este ano de 2025 teremos uma solução definitiva para esse martírio que já vivemos há décadas”, afirma Aguinaldo.
A fábrica opera desde 1965 na região, totalizando 60 anos. Os moradores denunciam que sofrem de doenças respiratórias, alergias, infecções de pele e estresse. Eles reclamam da fumaça densa e do barulho causado pelo maquinário.
O POVO entrou em contato com a Mecesa Embalagens questionando acerca da reclamação dos moradores.
Em nota da assessoria jurídica, a empresa informa que, desde 2018, um requerimento de renovação da licença está tramitando na Semace.
"Para viabilizar o licenciamento, nos últimos sete anos, a empresa recebeu diversas fiscalizações tanto da Semace, quanto da Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis) e da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce). E em nenhuma das ocasiões foi constatada qualquer infração às normas regulamentadoras", explica a nota.
"É importante deixar claro que o único laudo realizado nos autos do processo administrativo que trata da renovação da licença, em relatório técnico realizado pela própria Semace, indica que as emissões sonoras e atmosféricas das suas atividades estão dentro dos limites legais. Houve parecer inclusive favorável à renovação da licença, que, contudo, posteriormente foi modificado de maneira repentina e ilegal, pois se deu sem novo levantamento capaz de embasar/motivar essa mudança."
A nota finaliza informando que, apesar disso, a empresa sempre esteve aberta ao diálogo e buscou implementar diversas melhorias para seguir gerando empregos, recolhendo tributos e exercendo a sua função social dentro dos limites da lei.