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História sobre doçura, afeto e empreendedorismo
Farol

História sobre doçura, afeto e empreendedorismo

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Ana Carla de Souza Santiago, 33 anos, sempre teve a doçura por perto, mesmo quando a vida não foi exatamente doce. Crescida entre bolos de festa e forminhas coloridas, foi observando a madrinha confeiteira que ela desenvolveu seu primeiro afeto pelo açúcar. Anos depois, foi no aperto financeiro e na chegada do segundo filho que Ana Carla trocou o emprego formal pelas panelas e formas de bolo. O que começou como um plano B virou sustento, vocação e, principalmente, negócio.

Como tantas mulheres brasileiras, Ana empreendeu por necessidade, mas também por escolha. Encontrou na confeitaria não só uma forma de gerar renda, mas um caminho de autonomia, criatividade e reconhecimento. Hoje, vive exclusivamente do que faz na cozinha de casa, adoçando festas, enfrentando desafios e provando que trabalhar com o que se ama pode, sim, dar certo.

Do fogão da própria cozinha saem bolos que não são apenas sobremesas: são parte da memória afetiva das famílias que a contratam. Ana Carla leva a sério essa missão. Em um cenário econômico apertado, com insumos em alta e custo de vida crescente, ela se reinventa, ajusta cardápios e cuida dos detalhes. Seu negócio é pequeno, mas o impacto é grande. E sua história representa os muitos empreendimentos invisíveis que, todos os dias, sustentam o Brasil com trabalho real, feito à mão.

O POVO - Como a confeitaria entrou na sua vida?

Ana Carla de Souza Santiago - Cresci no mundo da confeitaria. Minha madrinha fazia os bolos das festas da família e eu estava sempre grudada nela. Aquilo me fascinava. O cheirinho, as cores, a alegria… tudo me encantava desde pequena.

OP - E quando virou profissão? Atualmente, é sua única fonte de renda?

Ana Carla - Quando meu segundo filho nasceu, precisei ficar em casa. Pedi demissão e comecei a fazer bolos caseiros. No começo era só para complementar, mas os pedidos começaram a crescer e nunca mais parei. Vivo exclusivamente da confeitaria. É com ela que pago as contas e sustento meus filhos.

OP - Quanto você investe, em média, por temporada? E qual costuma ser o retorno?

Ana Carla - Na Páscoa, invisto em média R$5 mil. E normalmente o lucro é o dobro ou até mais. É o período mais forte do ano, com certeza.

OP - A Páscoa é o melhor período do ano?

Ana Carla - Com certeza. Costuma ser mais lucrativa que o Natal, inclusive. A procura é grande e, se o cardápio estiver bem pensado, vende muito.

OP - Como decide o que vai vender?

Ana Carla - Observo o que os clientes mais gostam durante o ano e trago esses sabores para a Páscoa. Também fico de olho nas tendências. Faço pesquisa, mas sempre pensando na realidade financeira do meu público. O cardápio precisa caber no bolso deles.

OP - O aumento do preço do chocolate pesou neste ano?

Ana Carla - Demais. Tudo encareceu muito. Mas me adaptei: lancei kits menores, ovos em tamanhos reduzidos e mimos mais simples. O importante é continuar vendendo sem perder qualidade.

OP - Fora da Páscoa, como funciona o negócio?

Ana Carla - Trabalho com encomendas de bolos para festas, sobremesas e pronta entrega o ano todo. Sempre tem uma comemoração, um aniversário, um café especial.

OP - Sua história já foi contada por alguém?

Ana Carla - Ainda não. Mas adoraria! Acho importante mostrar que é possível empreender com o que se ama, mesmo começando do zero, mesmo nos apertos.

É o que eu sinto mesmo, pelo menos. Já foi a um aniversário sem bolo? Não tem a mesma alegria. O bolo é símbolo de celebração. Quando alguém me pede um, sei que estou participando de algo importante. Isso me motiva todos os dias. É desafiador, mas também é muito gratificante saber que levei momentos de alegria e confraternização entre família e amigos, através do meu trabalho.

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