As folhas cobrem o chão na entrada, enquanto o tom verde se espalha pelo espaço, decorando o nome "SOS Guaramiranga". O movimento, lançado nesta quinta-feira, 24, no Hotel Gran Marquise, ressalta o compromisso com a preservação da Área de Proteção Ambiental (Apa) do Maciço de Baturité.
O território foi instituído pelo Decreto Estadual N° 20.956, de 18 de setembro de 1990, alterado pelo Decreto N° 27.290, de 15 de dezembro de 2003, e abrange 32.690 hectares. A região é composta pelos municípios de Aratuba, Baturité, Capistrano, Caridade, Guaramiranga, Mulungu, Pacoti, Palmácia e Redenção.
"O que nos instigou a se mobilizar são os fatos", reflete um dos membros da diretoria do SOS Guaramiranga, Pio Rodrigues Neto. "A depender de nós, queremos trocar o saco de cimento pelo saco de sementes, e ao invés de cortar, queremos plantar árvores".
O movimento indica que sua formação ocorreu por meio de moradores, sitiantes, entidades, empreendedores e amigos da Apa de Baturité, "comprometidos com a causa ambiental".
A preservação da Apa também é uma das prioridades levantadas pelo professor Levi Jucá, responsável pelo Ecomuseu de Pacoti. "A gente precisa se preocupar com o que está acontecendo lá (na região do Maciço de Baturité) em termos de ocupação desordenada, de devastação", diz.
"Estamos falando de algo que está muito além de um fim de semana em Guaramiranga para curtir o frio, para curtir o verde", acrescenta Jucá. "Porque, se a gente não cuidar desse meio, nem esse verde, nem esse frio vão existir mais".
De acordo com informações do Plano de Manejo da Apa da Serra de Baturité, compartilhado pela Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema), o espaço "é considerado um ambiente de refúgio ecológico do periquito cara-suja", ave endêmica encontrada na área de proteção.
Outras espécies ameaçadas também se encontram na região, como o uru, o sapo-folha e o pintor-da-serra-de-baturité. O local é classificado como "Área de Importância para Aves" (Important Bird Area - IBA) pela BirdLife International.
A secretária da Sema, Vilma Freire, reforça que a região atualmente possui "um potencial turístico muito grande", o que, consequentemente, influencia na especulação imobiliária. "A nossa atenção se volta para a questão da fiscalização e monitoramento, para que não haja o desordenamento em construções ali", indica.