Cresce a pressão pelo afastamento do ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), após a operação "Sem Desconto" apurar descontos irregulares feitos por associações que possuem convênios com o INSS. Segundo as investigações, esses grupos podem ter desviado mais de R$ 6 bilhões nos últimos anos.
A pressão externa é pelo afastamento de Lupi. A imagem que muitos eleitores têm da situação é de que houve, no mínimo, incompetência por parte da pasta para tratar da questão. O presidente Lula (PT) deve reunir-se nesta segunda-feira, 28, com auxiliares e aliados para discutir a questão e se irá ou não tomar alguma atitude nesse sentido.
No PDT, a pressão é justamente para que não se mexa no cargo de Lupi, o que poderia significar uma ruptura entre o partido e o governo Lula.
O ministro havia sido informado pelo primeira vez sobre a questão ainda em 2023. Durante reunião do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), presidido por Lupi, a conselheira Tonia Galleti solicitou que fosse incluída na pauta uma discussão sobre os Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) das entidades que possuem desconto de mensalidade junto ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Ela solicitou ainda que fosse apresentada a quantidade de entidades que possuem ACTs com o INSS, a curva de crescimento dos associados nos 12 meses anteriores e uma proposta de regulamentação que garantisse maior segurança para trabalhadores, INSS e órgãos de controle.
O ministro não teria aceitado a inclusão da pauta, pontuando que a solicitação era “relevante”, mas não haveria condições de atendê-la imediatamente, pois seria necessário “um levantamento mais preciso”.
Em entrevista ao O Globo, Lupi admitiu que sabia das denúncias. "No governo, tudo é demorado. Eu sabia o que estava acontecendo, das denúncias. Eu sabia que estava havendo um aumento muito grande (dos descontos nas mensalidades), que precisava fazer uma instrução normativa para acabar com isso e comecei a me irritar pela demora. Só que o tempo no governo não é o tempo de uma empresa privada", afirmou.
O ministro alegou ainda que tomou medidas, negando ter havido omissão. "Se sou omisso, por que pedi o relatório e demiti o diretor? Quem é omisso não demite ninguém. Esse desconto associativo existe há muitos anos e sempre teve muita denúncia na Ouvidoria. Pela primeira vez o nosso governo, a CGU, a PF, o Ministério da Justiça e a área de inteligência da Previdência, que recebe as denúncias, começaram a apurar. Fizemos uma Instrução Normativa (IN) e tentamos coibir isso. Mais de 2,4 milhões de autorizações foram canceladas por estarem em desacordo com a IN. No governo, tudo é demorado. Eu sabia o que estava acontecendo, das denúncias. Eu sabia que estava havendo um aumento muito grande, que precisava fazer uma IN para acabar com isso e comecei a me irritar pela demora. Só que o tempo no governo não é o tempo de uma empresa privada", justificou.