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Com R$ 1.924 por mês, Ceará tem o 2º pior rendimento per capita do Brasil
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Com R$ 1.924 por mês, Ceará tem o 2º pior rendimento per capita do Brasil

O resultado também ficou abaixo da estimativa nacional e do Nordeste, que obtiveram R$ 3.057 e R$ 2.080, respectivamente
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O VALOR ficou atrás apenas do Maranhão, que registrou R$ 1.869 (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal O VALOR ficou atrás apenas do Maranhão, que registrou R$ 1.869

O Ceará apresentou o segundo pior rendimento per capita do Brasil, com uma média de R$ 1.924 em 2024. A quantia fica atrás apenas do Maranhão, que registrou R$ 1.869.

O resultado também ficou abaixo da estimativa nacional e do Nordeste, que obtiveram R$ 3.057 e R$ 2.080, respectivamente. Ou seja, a renda per capita dos cearenses é 58,9% menor do que a do País. Veja mais abaixo a lista com todos os estados.

Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua - Rendimento de todas as fontes 2024, divulgada nesta quinta-feira, 8, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os valores são referentes aos diversos tipos de fonte de renda a que a população teve acesso, como trabalho, aposentadorias e pensões e também benefícios sociais.

Já o Distrito Federal possui o maior ganho mensal médio dentre todas as unidades da federação, com R$ 5.147, seguido de São Paulo (R$ 3.785) e Rio de Janeiro (R$ 3.618).

Na avaliação do economista Alex Araújo, os números podem ser explicado principalmente pela estrutura do seu mercado de trabalho, marcada por baixa produtividade e elevada informalidade.

"Esses dados indicam que, no estado, há uma predominância de empregos de baixa produtividade, mal remunerados e com pouca formalização — o que compromete o potencial de geração de renda das famílias."

Diferença impressiona

Por sua vez, o conselheiro do Conselho Regional de Economia Ceará (Corecon-CE), Ricardo Coimbra, avalia haver uma discrepância muito forte do nível de renda do Ceará para os demais estados.

"Mesmo com a melhoria do crescimento da atividade econômica ao longo dos anos, ainda há uma discrepância muito grande em relação aos outros estados da Federação, o que significa dizer que o nível de renda média continua sendo muito baixo."

Nesse sentido, explica que, para ter uma melhoria desse cenário, é preciso continuar o investimento em áreas específicas como a educação. Além disso, atrair empreendimentos que potencializem a força de trabalho, principalmente a mais qualificada.

"Esse processo tem que ser continuado por muitos anos para a gente conseguir reverter esse cenário de diferenciação muito significativa de renda per capita média do Ceará em relação aos outros estados da Federação e também em relação aos da própria região Nordeste."

Ceará tem mais de 5,8 milhões de pessoas com renda

Além disso, o Ceará tem mais de 5,8 milhões de pessoas com renda. Destes, cerca de 1,2 milhão recebem aposentadoria e pensão, enquanto 1,4 milhão são de programas sociais, por exemplo, o Bolsa Família.

No estudo, ainda é destacado o Índice de Gini. O indicador reflete sobre a distribuição de ganhos do trabalho. Para o Ceará, o valor é 0,489 (quanto mais próximo de 1, mais desigual), com o 3º melhor desempenho do Nordeste.

A desigualdade de rendimentos entre os trabalhadores é pior no Distrito Federal, com índice 0,547. Logo em seguida vem o estado de Pernambuco (0,532) e depois Roraima (0,530).

Neste levantamento, a média nacional é de 0,506, um avanço na comparação com 2023 (0,494). O estado com o melhor resultado no indicador foi Santa Catarina (0,431). 

Brancos recebem cerca de 60% a mais do que pretos e pardos

O Ceará figura entre os dez estados com maior desigualdade racial de renda no Brasil em 2024, conforme revela o levantamento.

Pessoas brancas recebem, em média, R$ 2.887 por mês, valor 61,9% maior que o recebido por pessoas pardas (R$ 1.783) e 58,3% acima da média dos rendimentos de pessoas pretas (R$ 1.824). Apesar de formarem a maioria da força de trabalho (63%), os pardos continuam sendo o grupo que menos recebe. 

O cenário se repete também nacionalmente, visto que pessoas brancas ganham em média R$ 4.152 mensais, enquanto os rendimentos de pretos e pardos giram em torno de R$ 2.465 e R$ 2.499, respectivamente.

Outro recorte é o de gênero. Do total de trabalhadores cearenses ocupados em 2024, 2,1 milhões são homens, enquanto 1,5 milhão são mulheres, equivalente a 41,7% da força de trabalho.

No que se refere ao salário estimado, a população masculina recebe em torno de R$ 2.225 enquanto a feminina R$ 1856. Isto representa uma diferença de R$ 369, ou seja, 19,88% em termos percentuais.

Força de trabalho do Ceará se concentra entre 30 e 49 anos

Outro aspecto importante do perfil do trabalhador cearense está na distribuição por idade. A maioria da força de trabalho (49,5%) está concentrada entre 30 e 49 anos, com 1,8 milhão.

Já os jovens de 18 a 29 anos representam cerca de 918 mil trabalhadores (25%), enquanto 321 mil têm 60 anos ou mais (8,8%).

Quando se leva em consideração o nível de instrução, no Ceará, apenas 17,2% da população ocupada concluiu o ensino superior, enquanto 38% têm o ensino médio completo.

Além disso, cerca de 20% não terminaram o ensino fundamental, e 4,5% não têm nenhuma instrução formal. 

Confira a lista de rendimento médio mensal

  • Maranhão: R$ 1.869
  • Ceará: R$ 1.927
  • Bahia: R$ 2.028
  • Piauí: R$ 2.102
  • Paraíba: R$ 2.124
  • Alagoas: R$ 2.160
  • Amazonas: R$ 2.190
  • Pará: R$ 2.202
  • Pernambuco: R$ 2.221
  • Sergipe: R$ 2.232
  • Acre: R$ 2.271
  • Roraima: R$ 2.699
  • Tocantins: R$ 2.630
  • Amapá: R$ 2.638
  • Rio Grande do Norte: R$ 2.448
  • Rondônia: R$ 2.749
  • Minas Gerais: R$ 2.839
  • Média Brasil: R$ 3.057
  • Goiás: R$ 3.118
  • Espírito Santo: R$ 3.142
  • Mato Grosso do Sul: R$ 3.248
  • Mato Grosso: R$ 3.402
  • Paraná: R$ 3.571
  • Rio Grande do Sul: R$ 3.571
  • Sul: R$ 3.576
  • Santa Catarina: R$ 3.590
  • Rio de Janeiro: R$ 3.618
  • São Paulo: R$ 3.785
  • Distrito Federal: R$ 5.147

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