O Ceará apresentou o segundo pior rendimento per capita do Brasil, com uma média de R$ 1.924 em 2024. A quantia fica atrás apenas do Maranhão, que registrou R$ 1.869.
O resultado também ficou abaixo da estimativa nacional e do Nordeste, que obtiveram R$ 3.057 e R$ 2.080, respectivamente. Ou seja, a renda per capita dos cearenses é 58,9% menor do que a do País. Veja mais abaixo a lista com todos os estados.
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua - Rendimento de todas as fontes 2024, divulgada nesta quinta-feira, 8, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os valores são referentes aos diversos tipos de fonte de renda a que a população teve acesso, como trabalho, aposentadorias e pensões e também benefícios sociais.
Já o Distrito Federal possui o maior ganho mensal médio dentre todas as unidades da federação, com R$ 5.147, seguido de São Paulo (R$ 3.785) e Rio de Janeiro (R$ 3.618).
Na avaliação do economista Alex Araújo, os números podem ser explicado principalmente pela estrutura do seu mercado de trabalho, marcada por baixa produtividade e elevada informalidade.
"Esses dados indicam que, no estado, há uma predominância de empregos de baixa produtividade, mal remunerados e com pouca formalização — o que compromete o potencial de geração de renda das famílias."
Por sua vez, o conselheiro do Conselho Regional de Economia Ceará (Corecon-CE), Ricardo Coimbra, avalia haver uma discrepância muito forte do nível de renda do Ceará para os demais estados.
"Mesmo com a melhoria do crescimento da atividade econômica ao longo dos anos, ainda há uma discrepância muito grande em relação aos outros estados da Federação, o que significa dizer que o nível de renda média continua sendo muito baixo."
Nesse sentido, explica que, para ter uma melhoria desse cenário, é preciso continuar o investimento em áreas específicas como a educação. Além disso, atrair empreendimentos que potencializem a força de trabalho, principalmente a mais qualificada.
"Esse processo tem que ser continuado por muitos anos para a gente conseguir reverter esse cenário de diferenciação muito significativa de renda per capita média do Ceará em relação aos outros estados da Federação e também em relação aos da própria região Nordeste."
Além disso, o Ceará tem mais de 5,8 milhões de pessoas com renda. Destes, cerca de 1,2 milhão recebem aposentadoria e pensão, enquanto 1,4 milhão são de programas sociais, por exemplo, o Bolsa Família.
No estudo, ainda é destacado o Índice de Gini. O indicador reflete sobre a distribuição de ganhos do trabalho. Para o Ceará, o valor é 0,489 (quanto mais próximo de 1, mais desigual), com o 3º melhor desempenho do Nordeste.
A desigualdade de rendimentos entre os trabalhadores é pior no Distrito Federal, com índice 0,547. Logo em seguida vem o estado de Pernambuco (0,532) e depois Roraima (0,530).
Neste levantamento, a média nacional é de 0,506, um avanço na comparação com 2023 (0,494). O estado com o melhor resultado no indicador foi Santa Catarina (0,431).
O Ceará figura entre os dez estados com maior desigualdade racial de renda no Brasil em 2024, conforme revela o levantamento.
Pessoas brancas recebem, em média, R$ 2.887 por mês, valor 61,9% maior que o recebido por pessoas pardas (R$ 1.783) e 58,3% acima da média dos rendimentos de pessoas pretas (R$ 1.824). Apesar de formarem a maioria da força de trabalho (63%), os pardos continuam sendo o grupo que menos recebe.
O cenário se repete também nacionalmente, visto que pessoas brancas ganham em média R$ 4.152 mensais, enquanto os rendimentos de pretos e pardos giram em torno de R$ 2.465 e R$ 2.499, respectivamente.
Outro recorte é o de gênero. Do total de trabalhadores cearenses ocupados em 2024, 2,1 milhões são homens, enquanto 1,5 milhão são mulheres, equivalente a 41,7% da força de trabalho.
No que se refere ao salário estimado, a população masculina recebe em torno de R$ 2.225 enquanto a feminina R$ 1856. Isto representa uma diferença de R$ 369, ou seja, 19,88% em termos percentuais.
Outro aspecto importante do perfil do trabalhador cearense está na distribuição por idade. A maioria da força de trabalho (49,5%) está concentrada entre 30 e 49 anos, com 1,8 milhão.
Já os jovens de 18 a 29 anos representam cerca de 918 mil trabalhadores (25%), enquanto 321 mil têm 60 anos ou mais (8,8%).
Quando se leva em consideração o nível de instrução, no Ceará, apenas 17,2% da população ocupada concluiu o ensino superior, enquanto 38% têm o ensino médio completo.
Além disso, cerca de 20% não terminaram o ensino fundamental, e 4,5% não têm nenhuma instrução formal.
renda
O Ceará tem mais de 5,8 milhões de pessoas com renda, segundo a PNAD