A eleição de Leão XIV marca um momento de reflexão na história recente da Igreja Católica. O cardeal Robert Francis Prevost, escolhido nesta quinta-feira, 8, após um dia e meio de conclave, representa uma continuidade, mas também abre possibilidades de diálogo com alas mais conservadoras, antes desconfortáveis com atitudes progressistas do papa Francisco.
Aos 69 anos, Leão XIV assume o comando da Igreja após longa trajetória missionária no Peru e formação intelectual enraizada na tradição agostiniana. Papa mais jovem desde João Paulo II, prega a unidade e novos caminhos para a Igreja, sem abrir mão da tradição.
Primeiro papa da Ordem de Santo Agostinho, escolheu como lema episcopal In Illo uno unum ("Naquele um, um"), expressão clara de seu desejo de unidade em Cristo, mesmo diante das tensões que marcam a fé e a prática católica atuais.
Após mais de um século, Prevost retomou o nome "Leão", usado pela última vez em 1878. Leão XIII, referência do século XIX, é lembrado como um papa de decisões, histórico por liderar rupturas na Igreja Católica em um período de Revolução Industrial.
Na sacada da Basílica de São Pedro, Leão XIV já demonstrou diferenças em relação a papas anteriores. Com discurso simbólico e previamente escrito, falou em italiano e espanhol — deixando de lado o inglês, sua língua natal — e enfatizou a caminhada conjunta, a paz, a caridade e a proximidade com os que sofrem.
Embora visto como mais "tímido" que Francisco, compartilha com ele o foco pastoral e algumas ideias progressistas. No entanto, seu perfil discreto e a cautela diante de temas controversos — como a ordenação de mulheres ou a bênção a casais LGBTQIAPN+ — indicam um pontificado mais moderado que disruptivo.
Os sinais de grandes reformas ainda estão por vir. Nesses primeiros momentos, Leão XIV abre espaços para a escuta e para o fortalecimento do espírito comunitário, dando seguimento aos passos de Francisco em uma Igreja que busca caminhar junta — ainda que com passos cautelosos.